Iphan premia iniciativas que preservam e fomentam o Patrimônio Cultural Brasileiro

publicada em 18 de outubro de 2013, às 11h20

 

Contando com a presença ilustre da professora Clara de Andrade Alvim, filha do primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a 26ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade reuniu os oito vencedores deste ano e convidados no Cine Brasília, na capital federal. A cerimônia da maior premiação nacional de reconhecimento a iniciativas de preservação, valorização e divulgação do patrimônio cultural brasileiro aconteceu na noite desta quinta-feira, 17 de outubro. O Iphan também presenteou o público com o show de José Miguel Wisnik e Ná Ozzetti, que encerrou as comemorações de 2013.

Premiados e convidados foram recebidos pela presidenta do Iphan, Jurema Machado, acompanhada pelos diretores e superintendentes do Instituto. A cerimônia contou também com a presença do presidente do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), Ângelo Oswaldo, que também já presidiu o Iphan. A 26º Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade celebrou ainda os 120 anos de nascimento do modernista Mário de Andrade, que entre todas as suas contribuições à cultura nacional também elaborou o anteprojeto de Lei de criação do atual Iphan.

Saudando os premiados e destacando a diversidade da cultura brasileira expressa nas ações vencedoras, a presidenta Jurema Machado relembrou a missão do Iphan, ao longo de seus 77 anos de existência, período no qual “uma grande rede foi tecida”. Segundo ela, essa rede se consolida a cada ano com as ações evidenciadas nas muitas edições do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. Ela destacou que, somente entre os homenageados deste ano, há “instituições acadêmicas, professores da rede pública, jovens agentes culturais, pesquisadores, restauradores, arqueólogos, comunidades, empresas, ONGs, governos, que, seja em Belém, em São Paulo, em João Pessoa, na Chapada Diamantina, em São Cristóvão, em Sergipe, na Amazônia e em Pernambuco multiplicam e dão sentido à ação do Iphan”. Em função da trajetória da instituição, Jurema Machado ressaltou que atualmente “não há nenhum grande tema relacionado ao desenvolvimento sobre o qual o Iphan não tenha algo a dizer. Espera-se que o Iphan cuide das expressões culturais - ricas, mas frágeis - aquelas que Mário de Andrade inventariou pelo país afora e outras tantas que vem sendo trazidas por novas pesquisas e pelas demandas sociais”, concluiu.

Os vencedores da 26ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade
Em Belém, o Laboratório Lacore da Universidade Federal do Pará desenvolveu um trabalho de coleta, catalogação, higienização e montagem de fragmentos de peças inteiras de azulejos do Casarão. Em João Pessoa, o projeto está voltado à formação de jovens em agentes culturais e, na Bahia, arqueólogos capacitam comunidades da Chapada Diamantina.

Já o projeto Centro de Memória Dorina Nowill, em São Paulo, constitui-se como uma ação exemplar de preservação de acervos se coloca a serviço dos diretos humanos e culturais das pessoas com deficiência audiovisual. Ainda no estado paulista, uma instituição não-governamental mantém, por 16 anos, um site para a promoção da cultura dos povos indígenas.

Lá em São Cristovão, em Sergipe, um museu sai às ruas para convocar moradores a trabalhar pelo título do patrimônio mundial e, o Museu da Gente Sergipana, outra ação premiada, expõe o patrimônio cultural local. Em Pernambuco, a rede pública de ensino busca na arte de fazer bonecos o conhecimento do patrimônio e uma ferramenta pedagógica.

Cada premiado recebeu como reconhecimento uma placa comemorativa e R$ 20 mil.
Leia mais sobre as ações premiadas clicando aqui.

Mario de Andrade e Rodrigo Melo Franco de Andrade
Muitos intelectuais, escritores e artistas colaboraram para consolidar a ideia de uma instituição voltada para a preservação do patrimônio cultural no Brasil entre os anos 1920 e 1930, entre eles Rodrigo Melo Franco de Andrade, Mario de Andrade, Lucio Costa, Carlos Drummond de Andrade, Sergio Buarque de Holanda e Manuel Bandeira. O Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, em 1936, solicitou a Mário de Andrade a elaboração de um anteprojeto de lei para a organização jurídica da proteção do patrimônio cultural brasileiro e a criação do Iphan. A partir deste trabalho, sob a coordenação de Rodrigo Melo Franco de Andrade, a instituição foi criada pela Lei Nº 378, de 13 de janeiro de 1937. Em 30 de novembro de 1937 é promulgado o Decreto-Lei Nº 25, que “organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional” e institui o instrumento do tombamento. Ainda hoje o Decreto-Lei Nº25 é o principal instrumento de preservação do patrimônio cultural brasileiro.

O advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898 em Belo Horizonte. Foi redator-chefe e diretor da Revista do Brasil. Iniciou a vida política como chefe de gabinete de Francisco Campos, atuando na equipe que integrou o Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas. Entre 1934 e 1945, período em que Gustavo Capanema era ministro da Educação, Rodrigo Melo Franco de Andrade integrou o grupo formado por intelectuais e artistas herdeiros dos ideais da Semana de 1922, quando se tornou o maior responsável pela consolidação jurídica do tema Patrimônio Cultural no Brasil. Em 1937 fundou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, atual Iphan, que presidiu até 1967.

Mário de Andrade nasceu em São Paulo, em 9 de outubro de 1893. Poeta, romancista, musicólogo, historiador, crítico de arte e fotógrafo, foi um dos principais inspiradores do Modernismo no Brasil, exercendo grande influência na literatura e nas artes modernas brasileira. Esteve pessoalmente envolvido em praticamente todas as áreas que estiveram relacionadas com o modernismo. Suas fotografias e seus ensaios, que cobriam uma ampla variedade de assuntos, da história à literatura e à música. Depois de também trabalhar como professor de música e colunista de jornal, no fim de sua vida, tornou-se diretor-fundador do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, formalizando o papel que havia desempenhado durante muito tempo como catalisador da modernidade artística na cidade e no país.

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