Síntese do modernismo brasileiro, Coleção Nemirovsky é tombada pelo Iphan

Uma coleção paulistana que é referência em arte moderna passa a integrar definitivamente o Patrimônio Cultural Brasileiro. No dia 27 de setembro, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou por unanimidade o pedido de tombamento da Coleção Nemirovsky, reunida pelo casal paulista de origem russa, José e Paulina Nemirovsky, ao longo de 30 anos. O acervo encontra-se em regime de comodato na Pinacoteca de São Paulo onde, desde 2005, pode ser apreciado pelo público.

Diante da importância desse conjunto de obras, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), atendendo ao pedido da Pinacoteca do Estado de São Paulo, feito em 2001, realizou um estudo sobre o Colecionismo no Brasil e a inserção do acervo nesse contexto, enviado à apreciação do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, propondo seu tombamento. Na avaliação do Iphan, a partir das obras que compõem a coleção, é possível reconstituir um momento alto do colecionismo brasileiro, atento para o valor da renovação do pensamento estético e sensível à firmação da inteligência nacional.

A Coleção Nemirovsky 
Tarsila do Amaral. Carnaval em Madureira, 1924O casal iniciou a coleção em 1958 e, ao longo das décadas de 1960 e 1970, realizou importantes aquisições, como as pinturas emblemáticas do modernismo brasileiro Antropofagia e Carnaval em Madureira, de Tarsila do Amaral; o quadro Mulheres na janela, de Di Cavalcanti; além de obras de Brecheret, Portinari, Pancetti, Volpi, Ligia Clark Tomie Ohtake e Wesley Duke Lee. São mais de 200 obras que abrangem também um núcleo de obras coloniais, com imagens de procedência europeia, outras provenientes do universo ibero-americano e imagens luso-brasileiras. O conjunto abriga peças de mobiliário e arte religiosa latino-americana e ibérica, bem como importantes desenhos e gravuras de mestres estrangeiros como Picasso, Chagall, Braque, Léger, Diego Rivera e outros.  Com esse escopo, o acervo dialoga a arte moderna brasileira não apenas com o seu passado colonial, como também com os grandes mestres europeus e a arte popular, possibilitando múltiplas leituras. 

O acervo pertencente à Fundação José e Paulina Nemirovsky prima pela concisão e assertividade. José era um verdadeiro aficionado pela arte e acabou passando sua paixão à esposa, Paulina. O empresário, que chegou a cursar Medicina no Rio de Janeiro, dedicou-se ao estudo da História da Arte e da pintura, tendo sido aluno do pintor catalão Juan Ponç. Ele também cultivava relações com críticos, colecionadores e marchands, visitava ateliês de artistas e vivia a arte em todas as suas horas de lazer. Essa imersão no universo artístico possibilitou que desenvolvesse uma capacidade de discernimento única, contribuindo para tornar sua coleção uma das mais importantes do modernismo brasileiro. O acervo se constituiu como uma síntese exemplar da arte moderna brasileira, bem como do modelo de colecionismo disseminado a partir dos anos 1960. 

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
Os processos de tombamento e registro promovidos pelo Iphan são avaliados pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo são 23 conselheiros, que representam o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.

Além da Coleção Nemirovsky, no dia 27 de setembro, o Conselho Consultivo avalia, também, a proposta de tombamento da ladeira da Misericórdia, no Rio de Janeiro (RJ) e o registro da Feira de Campina Grande (PB).

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural é o órgão colegiado de decisão máxima do Iphan para as questões relativas ao patrimônio brasileiro material e imaterial. O mais recente marco legal sobre a estrutura organizacional do Iphan, o Decreto nº 6.844, de 07 de maio de 2009, mantém o Conselho como o responsável pelo exame, apreciação e decisões relacionadas à proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro, tais como o tombamento de bens culturais de natureza material, o registro de bens culturais imateriais, a autorização para a saída temporária do país de obras de arte ou bens culturais protegidos, na forma da legislação em vigor, além de opinar sobre outras questões relevantes.

Serviço:
87ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural

Data: 27 de setembro de 2017, às 9h
Local: Edifício Sede do Iphan – Sala do Comitê Gestor
          SEPS 713/913 – Bloco D – Asa Sul – Brasília – DF

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