Artes quilombolas estão em exposição no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
Entre florestas, rios e igarapés, as mãos que dão vida ao barro e à castanha guardam memórias de encantamentos e resistência. O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) receberá a exposição “Do Barro e da Castanha: as Artes de Quilombolas de Oriximiná”. A abertura acontece no dia 25 de janeiro, a partir das 17h, na Sala do Artista Popular (SAP). A exposição, que vai até 18 de fevereiro, apresenta as obras de artesãos descendentes de negros escravizados que fugiam e construíam quilombos na região onde está Oriximiná, município no oeste do Pará.
Embora o artesanato em cerâmica fizesse parte durante gerações da rotina dos quilombolas, com a produção de peças como panelas, potes, pratos e outras para sua própria utilização, estes vinham sendo substituídos por industrializados. O Projeto Educação Patrimonial e Ambiental (PEA), desenvolvido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e a Mineração Rio do Norte (MRN) junto a essas comunidades, possibilitou o resgate dessa prática, no início dos anos 2000.
O extrativismo da castanha também sempre esteve ligado à história dos quilombolas. Mas foi a parceria entre várias instituições na década de 90, entre elas a Comissão Pró-Índio de São Paulo e a Associação dos Remanescentes de Quilombos de Oriximiná (ARQMO), que possibilitou a participação de quilombolas de várias comunidades em oficinas para transformar os ouriços das castanhas em peças artesanais. O ouriço é o fruto da castanheira, que contém várias amêndoas em seu interior.
Do barro e da castanha, pelas mãos dos quilombolas são gerados potes, conjuntos de café e chá, travessas e outras peças. Todas guardando o traço comum de evocar o imaginário da floresta e dessa história de luta e resistência.
Sobre a Sala do Artista Popular (SAP)
A SAP foi criada em 1983 com o intuito de ser um espaço para difundir a arte popular, trazendo objetos que, por seu simbolismo, tecnologia de confecção ou matéria-prima empregada, revelam o modo de vida das camadas populares. Os artistas expõem seus trabalhos, estipulando livremente o preço e explicando as técnicas envolvidas na confecção. O valor obtido com as vendas vai integralmente para eles.
O catálogo de cada exposição é desenvolvido a partir de pesquisa etnográfica e documentação fotográfica realizada pela equipe do CNFCP. Assim é possível conhecer as relações entre a produção artesanal e o contexto de vida dos artesãos. Desde sua criação já foram realizadas 190 exposições SAP, sendo a dos quilombolas de Oriximiná a 191ª.
Exposição “Do Barro e da Castanha: as Artes de Quilombolas de Oriximiná"
De 25 de janeiro a 18 de fevereiro
Na Sala do Artista Popular, no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
Endereço: Rua do Catete, 179 - Rio de Janeiro - RJ
Visitação de terça a sexta-feira, das 11h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 15h às 18h.
Entrada franca
Classificação livre