Lançamento do Dossiê Serra da Barriga (AL) marca a instalação de Comitê Gestor

Vista Panorâmica da paisagem da Serra da Barriga (AL)

No próximo dia 27 de março, terça-feira, será o lançamento do Dossiê Serra da Barriga, Parte Mais Alcantilada – Quilombo dos Palmares. A publicação traz o conteúdo da pesquisa sobre a Serra da Barriga, em União dos Palmares (AL), reconhecida como Patrimônio Cultural do MERCOSUL, desde 2017. O estudo foi realizado em parceria pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Fundação Cultural Palmares, responsável pela administração do Parque Memorial Quilombo dos Palmares. O local é reconhecido como símbolo de luta e resistência dos escravos no Brasil e referência cultural dos nossos povos afrodescendentes.

O evento marca a instalação do Comitê Gestor da Serra da Barriga, que conta com representantes de comunidades de capoeiristas, religiões de matriz africana, quilombolas, junto a membros de instituições parceiras, das três esferas do governo. O Plano de Gestão da Serra da Barriga prevê a instalação de um Centro de Interpretação de Referências Culturais Afro-brasileiras, a partir de um concurso internacional de projetos. O Comitê também se propõe a desenvolver um projeto de turismo de base comunitária, com as comunidades locais. “O reconhecimento da Serra da Barriga como Patrimônio Cultural do MERCOSUL gera uma nova dinâmica de atuação interinstitucional dos parceiros já envolvidos na gestão do sítio, além de incorporar novos atores nas ações de valorização do local”, destaca o diretor do Departamento de Cooperação e Fomento do Iphan, Marcelo Brito.






 

Paisagem de Palmares
A Serra da Barriga fica no município de União dos Palmares, Zona da Mata do Estado de Alagoas. Ocupa uma área de aproximadamente 27,92 km² na Serra da Borborema, no conjunto de matas atlânticas próximas ao litoral do Nordeste brasileiro. 

Em um planalto de 485 metros de altitude, sobre desfiladeiros, sua paisagem é repleta de palmeiras, que renderam ao local o nome Palmares. As nascentes da região alimentam um açude e a Lagoa dos Negros, local sagrado da Serra, onde os religiosos de matriz africana realizam seus rituais.

A parte edificada é composta por casas simples, ocupadas por antigos moradores, descendentes dos quilombolas. Há também estruturas cenográficas do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, inaugurado em 2007, para promover o valor histórico e simbólico do lugar.

Lugar de resistência
Foi na Serra da Barriga que surgiu o maior quilombo das Américas. Tudo no Quilombo dos Palmares foi e é grandioso: a extensão territorial; a população, que chegou a ter, segundo historiadores, 30 mil habitantes no ápice de sua organização social e política; as incursões realizadas (que chegaram a 23) pelos colonizadores holandeses e portugueses. 

O último ataque a Palmares, que destruiu a Cerca Real dos Macacos, em 1694, tinha três comandantes, Bernardo Vieira de Melo, Sebastião Dias e Domingos Jorge Velho, e foi o maior contingente armado que se formou na história do Brasil Colônia, com mais de 20 mil homens, de posse de armas nunca vistas antes, como os canhões para destruir as paliçadas construídas no mocambo. Zumbi dos Palmares, um dos principais líderes do quilombo, foi considerado pelo governo brasileiro herói nacional.

Ao contingente africano escravizado nas Américas somaram-se os povos indígenas. Durante mais de 400 anos de domínio colonial, milhões de seres humanos foram tratados ao descaso, tendo como opções, por um lado, a resistência para suportar o jugo da escravidão e, por outro, a fuga e a busca de refúgios para sua sobrevivência e continuidade. Tais refúgios, conhecidos como quilombos, eram marcados por estratégias de sobrevivência e resistência, e foram povoados por pessoas negras e indígenas que buscavam a liberdade. 

Derivado do tronco linguístico africano banto, em Angola e no Brasil, o termo quilombo significa esconderijo, aldeia. Em síntese, são povoações em que se abrigavam escravos fugidos, conhecidos como quilombolas. 

O reconhecimento da Serra da Barriga como Patrimônio Cultural do MERCOSUL contribui para o reconhecimento dos indivíduos e suas comunidades de matrizes africanas no continente americano. Representa, ainda, uma reparação às perseguições e à intolerância praticadas e reveladas através dos quilombos, refúgios de negros foragidos e perseguidos por séculos. Locais que, hoje, são reconhecidos como testemunhos da resistência e dos processos de ressignificação das referências culturais dos afrodescendentes na construção das identidades da América, em especial aos países do MERCOSUL.

Cronologia de Palmares:
1602 – Primeiros registros de fuga de escravos para a região chamada de Palmares (local situado a 120 km da região costeira, cheia de palmeiras, na qual se formavam os mocambos, isto é, habitações de estilo arquitetônico tradicional africano ou “choças”). No período áureo, Palmares chegou a abranger mocambos em uma área de 50 km de largura.

1630 – Surgimento de Palmares, que viria ser conhecido na época como Angola Janga, ou Pequena Angola, com 11 mil a cerca de 30 mil habitantes no auge (1670), antes de sua destruição.

1655 – Nascimento de Zumbi.

1694 – Destruição de Palmares pelos bandeirantes paulistas Domingos Jorge Velho, Bernardo Vieira de Mello e André Furtado de Mendonça. Fuga de Zumbi.

1695 – Morte de Zumbi (encontrado seu refúgio, foi assassinado e degolado).

1697Fim de Palmares. Camoanga foi o sucessor de Zumbi e liderou o que restou de Palmares até 1703, quando foi morto por um ataque das forças coloniais

Serviço:
Lançamento do Dossiê e implantação do Comitê Gestor Serra da Barriga
Local: Superintendência do Iphan-AL, Rua Sá e Albuquerque, 157, Jaraguá
Data e Horário: 27 de março - a patir das 17h30

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