Terreiros baianos recebem ação de conservação do Iphan
Em consonância com o esforço empreendido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no sentido de valorizar as culturas de matriz africana no Brasil, será apresentado no dia 4 de abril, em Salvador (BA), o projeto Ações de Conservação nos Terreiros Seja Hunde - Roça do Ventura (Cachoeira), llê Omo Agboula (Itaparica), llê Maroialaji - Terreiro do Alaketu (Salvador). A ação conta com intensa participação das comunidades de terreiro e tem o objetivo de elaborar planos de conservação específicos para os três terreiros, realizar oficinas de mobilização e capacitação para elaboração e implementação dos planos de conservação, projetos de intervenção e executar as obras necessárias para sanar danos que ofereçam riscos iminentes à conservação e à manutenção dos bens materiais que dão suporte às manifestações culturais e religiosas dos terreiros.
O protagonismo dos povos de terreiro na atuação faz parte da diretriz proposta na Política de Patrimônio Material do Iphan, em consulta pública até o dia 1º de maio, pela qual as comunidades passam a ter papel central na construção de ações específicas para a preservação dos bens. A partir do aprendizado vindo dessa experiência, pretende-se ampliá-la para os demais terreiros tombados.
O projeto será realizado por meio de parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que executará os recursos descentralizados pelo Iphan, no montante de R$ 735.000,00, para o período de 23 meses. Participam as comunidades dos terreiros, representantes do Iphan, da UFBA e da Comissão dos Terreiros Tombados.
Planos de Conservação
O Plano de Conservação é uma ferramenta utilizada amplamente em países com políticas referenciais na área de patrimônio cultural. O objetivo é identificar, concretamente, o que é significativo em um bem cultural e, consequentemente, quais políticas, regulações e ações são apropriadas para garantir a preservação dos valores que justificaram seu reconhecimento como patrimônio cultural, para seu uso e desenvolvimento.
Como objetivo específico, o Plano de Conservação busca a compreensão ampla da significação cultural do bem por quem é proprietário ou responsável por eles e pela comunidade impactada e interessada, independente do conhecimento especializado. Para isso, é premissa a participação ativa dos gestores e usuários locais do bem, e o estabelecimento de planejamentos realistas e articulados a soluções de financiamento e gestão para sua consecução, e uma linguagem didática com vistas à sustentabilidade social, ambiental e econômica para conservação dos terreiros. Assim, busca-se sistematizar e organizar no tempo medidas necessárias para garantir a conservação do bem, a exemplo da elaboração de um Manual de Manutenção, para além dos momentos de intervenção direta no mesmo.
A oportunidade específica desse projeto para os três terreiros vem da demanda pelas próprias comunidades de ações urgentes e concretas relacionadas a riscos atuais desses bens que, entretanto, deverão ser analisadas e enfrentadas de maneira sistêmica para prever e minimizar riscos futuros. Propõe-se, para além das intervenções físicas e diretrizes de manutenção, tratar de questões extremamente relevantes nos casos em questão, como regularidade fundiária e jurídica. Ademais, pretende-se a realização de oficinas, contando com a articulação entre docentes, discentes, especialistas e as comunidades de terreiros para a capacitação dos gestores dos bens para conservação, desenvolvimento de melhores soluções de conservação e dos projetos de intervenção. É premissa a construção coletiva entre as instituições e as comunidades de cada um dos terreiros, articulada à troca de saberes e aprendizado dos alunos universitários e docentes.
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