Pelotas (RS) recebe certificado de Patrimônio Cultural
No dia 5 de junho, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) confere o certificado de reconhecimento do Conjunto Histórico de Pelotas e das Tradições Doceiras da Região de Pelotas e Antiga Pelotas (Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu), no Rio Grande do Sul, como Patrimônio Cultural Brasileiro. A entrega será feita pela presidente do Iphan, Kátia Bogéa, durante a Feira Nacional do Doce (Fenadoce).
Os dois instrumentos de proteção - o tombamento e o registro - foram definidos no dia 15 de maio, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Assim, o Conjunto Histórico de Pelotas foi inscrito em três Livros do Tombo: o Histórico, o de Belas Artes e o Arqueológico, etnográfico e paisagístico. Já o modo de fazer os doces na região foi registrado no Livro dos Saberes. Mais do que simples quitutes, eles representam um importante contexto histórico e cultural que elevam seu significado para além da função de alimento.
O Patrimônio Cultural de Pelotas está ligado à implantação das primeiras charqueadas, que contribuíram para o crescimento da economia regional, integrando o Rio Grande do Sul ao mercado nacional e dando à cidade de Pelotas o título de uma das mais importantes do interior do país durante o século XIX.
Foi também o charque que possibilitou a chegada ao Sul do país de uma riqueza nacional: o açúcar. Assim, além de ser considerada a cidade do charque, Pelotas recebeu também o título de capital nacional do doce, especialmente em função da produção doceira, oriunda do intercâmbio charque-açúcar. Os navios que levavam o charque para o Nordeste traziam de volta grandes quantidades de açúcar, transformados, no interior dos casarões pelotenses, em doces finos, confeccionados geralmente à base de ovos, conforme a melhor tradição portuguesa.
A entrega do certificado durante a Fenadoce se justifica pelo objetivo da feira em promover a cultura doceira da cidade de Pelotas. Ela conta o trajeto histórico dos doces que resultam da integração de dezenas de etnias e misturam visões de mundo tanto ocidentais quanto orientais, para todo Brasil e exterior.
O Conjunto Histórico de Pelotas
Os Setores de Proteção correspondem às praças José Bonifácio, Coronel Pedro Osório, Piratinino de Almeida, Cipriano Barcelos e o Parque Dom Antônio Zattera, junto com a Charqueada São João e a Chácara da Baronesa.Esses bens apresentam valor histórico diretamente relacionado a, pelo menos, dois momentos de desenvolvimento econômico regional: o do charque (1800 a 1900) e o do início da industrialização (1900 a 1930).
O valor artístico está presente nos remanescentes da arquitetura colonial luso-brasileira e da arquitetura eclética, especialmente no que diz respeito às composições de fachada e emprego de elementos decorativos, assim como pela qualidade dos elementos complementares e de acabamento. Já o valor urbanístico existe pela relação entre a regularidade do traçado urbano, com a presença de espaços públicos marcados pela intensa massa de vegetação, de equipamentos de abastecimento de água do século XIX e de esgotamento pluvial representativo do urbanismo sanitarista do início século XX.
As Tradições Doceiras
Pelotas encontra-se no epicentro de uma região doceira que abarca uma multiplicidade de saberes e identidades sob a forma de duas tradições: a de doces finos e a de doces coloniais. O doce desempenha um papel peculiar na composição da sociedade regional, sendo um elemento cultural que amarra a diversidade de grupos étnicos e sociais que a compõe.
Na sua maioria, essas doceiras e doceiros compreendem seu ofício como a continuidade das trajetórias de suas famílias, num templo ampliado. Essa relação está posta, sobretudo, no meio rural, entre os produtores de doces de frutas, que se encontram profundamente ligados à região colonial, como um espaço de vivências, trabalho e afetos. Assim, o registro contempla o espaço de ocorrência das duas tradições doceiras e os sentidos que a elas são atribuídos, por grupos detentores, e se justifica tendo em vista seu valor identitário e a relação demonstrada entre o saber doceiro e o território referido.
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