Exposição no Rio mostra o trabalho de rendeiras de Ilha Grande
O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (CNFCP-Iphan), inaugura, às 17h do próximo dia 28 de junho, a exposição Fazer Renda é Trocar Bilro, que apresenta a obra das rendeiras do povoado de Morros da Mariana, no município piauiense de Ilha Grande. Até o dia 29 de julho estarão expostas e à venda peças com os mais variados motivos e utilidades, tais como panos de mesa, vestidos, blusas, toalhas.
A técnica adotada é a chamada renda de bilro, na qual o processo de confecção do trançado de linha é feito a partir de fios enrolados em pequenas peças de madeira, os bilros. A sonoridade produzida pelos bilros ao se tocarem acaba sendo também um distintivo dessa técnica, como dito pela rendeira Dona Zezé em depoimento para um vídeo: “(...) eu acho bonito isso aqui ó: tic-tic-tic. Isso aqui é muito gostoso. (...) O crochê é mudo. O bordado é mudo. Isso aqui não, é uma máquina de escrever. Todo o tempo. Parece que eu tô escrevendo, ó.”
O surgimento da concorrência da renda industrial fez com que a produção artesanal de renda de bilro diminuísse por um período, mas ela voltou a crescer nas últimas décadas do século XX, o que resultou em uma maior importância da atividade para a economia doméstica. No caso de Morros da Mariana, a aproximação com o mercado da moda foi decisiva para esse incremento.
Paralelamente, a participação em programas voltados para a preservação de memória tem sido fundamental para a guarda e difusão desse modo de fazer. Em 2008, o Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart), realizado pela Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec), editou uma publicação com o repertório dos padrões de renda de Morros, anseio antigo das artesãs. A atual exposição na SAP vem se somar às ações que possibilitam difundir esse artesanato.
Sobre a Sala do Artista Popular (SAP)
A SAP foi criada em 1983 com o intuito de ser um espaço para difundir a arte popular, trazendo objetos que, por seu simbolismo, tecnologia de confecção ou matéria-prima empregada, revelam o modo de vida das camadas populares. Os artistas expõem seus trabalhos, estipulando livremente o preço e explicando as técnicas envolvidas na confecção. O valor obtido com as vendas vai integralmente para eles.
O catálogo de cada exposição é desenvolvido a partir de pesquisa etnográfica e documentação fotográfica realizada pela equipe do CNFCP. Assim é possível conhecer as relações entre a produção artesanal e o contexto de vida dos artesãos. Desde sua criação já foram realizadas 193 exposições SAP, sendo “Fazer Renda é Trocar Bilro” a 194ª.
Serviço
Exposição Fazer renda é trocar bilro
Período: 28 de junho (a partir das 17h) a 29 de julho de 2018
Local: Sala do Artista Popular (SAP) - Rua do Catete, n° 179 - Rio de Janeiro (RJ)
Dias e horários: Terça-feira a sexta-feira, das 11h às 18h