Uma ilha de histórias que resiste na capital de São Paulo

Vila Maria Zélia – 100 anosNo meio da metrópole paulistana, conhecida por seus arranha céus de ferros e concretos, uma típica vila operária sobrevive até hoje: Maria Zélia, um conjunto de edificações tombado em 1992 pelos conselhos de preservação do patrimônio histórico do município e do estado de São Paulo. Em 2017, o projeto Vila Maria Zélia – 100 anos comemorou o centenário do local, apresentando e debatendo sua história e atual situação enquanto patrimônio histórico da capital. O projeto é um dos oito vencedores da 31ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

Os eventos comemorativos acabaram por gerar outros interesses. Além de visitas guiadas bimestrais na área, o Centro de Memória passou a ser um espaço expositivo permanente. O projeto Vila Maria Zélia – 100 anos caracterizou-se como uma experiência espontânea que conseguiu ressignificar lembranças e formar um acervo de referência para outros estudos. 

Vila Maria Zélia – 100 anosLembranças que se transformaram em ação
A vila começou a ser construída em 1912 para dar abrigo aos 2,5 mil funcionários que trabalhavam na filial do bairro do Belenzinho da tecelagem Cia Nacional de Tecidos da Juta. O local foi idealizado pelo industrial Jorge Street, que escolheu o arquiteto francês Paul Pedraurrieux para fazer o projeto. Inaugurada em 1917, a vila foi ocupada pelos operários que já trabalhavam na fábrica ao lado, cujas instalações eram destinadas a fiação, tecelagem e estamparia de algodão. Além da fábrica, a área incluía escolas, prédios comerciais, salão de baile, campo de futebol e a Capela São José. 

Em 2014, começaram as discussões entre os moradores sobre a importância de contar a história do local enquanto parte das narrativas a respeito das moradias da cidade de São Paulo. Isso gerou, também, uma oportunidade para se conhecer o habitat operário do Brasil e mobilizar a população no sentido de se preservar o local.  

Em 2017, os autores do projeto perceberam que a comemoração dos cem anos da vila poderia ser o motivo para uma ação mais abrangente, envolvendo a educação patrimonial como parceira na busca da sensibilização da comunidade sobre a importância da vila, mobilizando os moradores para que registrassem suas histórias e memórias, buscando informações que iam além dos registros históricos. A ação começou com o debate Vila Maria Zélia, passado, presente e futuro, seguida pelo o evento do lançamento do livro Vamos falar sobre o Belenzinho? (uma coletânea de contos sobre o bairro), que contou com uma conversa entre os autores e público sobre suas vivências na vila. 

Um passeio fotográfico retratando as construções e o cotidiano de seus moradores foi organizado e fez parte da exposição Sampagrafia da Vila. Também foi aberto o Centro de Memória, local onde estão expostos documentos, fotografias e livros sobre a história do local. 

No dia 06 de maio de 2017, data exata do centenário da inauguração, foi lançado o vídeo 100 anos – Vila Maria Zélia. O documentário foi produzido a partir das histórias presentes na memória de moradores e ex-moradores, tendo como temas a chegada à vila, o trabalho na fábrica, a capela, o lazer, as brincadeiras, a vida na escola e a atual situação na vila.

31ª Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade
Instituído pelo Iphan em 1987, o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade tem como objetivo o reconhecimento a ações de proteção, preservação e divulgação do Patrimônio Cultural Brasileiro e é uma homenagem ao primeiro dirigente da Instituição. A participação foi aberta a empresas, instituições e pessoas de todo o país. Depois passarem pelas comissões estaduais – compostas por representantes das diferentes áreas culturais, presididas pelo superintendente de cada estado – as 94 ações selecionadas em 25 Estados e no Distrito Federal passaram pela Comissão Nacional de Avaliação. 

Em consonância com a proposta do Iphan de levar a cerimônia de premiação para todas as regiões do Brasil, a festa, este ano, será em Belém, capital do Pará. A escolha da cidade se deu em razão de, em 2018, o Instituto estar voltado para a promoção do Patrimônio Cultural do Norte brasileiro. Marcada para novembro, a celebração do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade será em ritmo de carimbó, bem registrado pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil, e contará com apresentações de outras expressões tradicionais do Norte, como o Boi-Bumbá de Parintins.

O advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898, em Belo Horizonte. Foi redator-chefe e diretor da Revista do Brasil e, na política, foi chefe de gabinete de Francisco Campos, atuando na equipe que integrou o Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas. O grupo era formado por intelectuais e artistas herdeiros dos ideais da Semana de 1922. Rodrigo Melo Franco de Andrade comandou o Iphan desde sua fundação, em 1937, até 1967.

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