Trabalho, modos de fazer, relações de afeto e memória

Feitio de tipiti Ginho

O Inventário Participativo dos Engenhos de Farinha do Litoral Catarinense foi premiado na categoria 2 (em que estão incluídas ações relativas ao patrimônio imaterial) e segmento 3 (destinado a instituições sem fins lucrativos da sociedade civil organizada).

O projeto catarinense visa à identificação e valorização da cultura associada aos seculares engenhos e seus engenheiros da farinha – universo que inclui saberes e memórias tradicionais, relações familiares, de trabalho e práticas alimentares. Segundo parecer da Comissão de Avaliação do Prêmio Rodrigo, a proposta produz “excelência na salvaguarda dos patrimônios imateriais”, expressa na capacidade de articular “diferentes dimensões implicadas nos espaços de engenhos de farinha, que além de lugar de produção propriamente dita, produz também outros muitos produtos associados e era também lugar de intensa sociabilidade”.

O projeto teve início em 2009 a partir de articulação promovida pelo Ponto de Cultura Engenhos de Farinha, por meio do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro). Foi nessa rede que os engenheiros da farinha passaram a compartilhar suas experiências com produtores de outros municípios. Com encontros nas comunidades e oficinas de educação patrimonial, o Cepagro buscou valorizar práticas agroecológicas nos meios urbano e rural. Como resultado, as comunidades procuraram em sua ancestralidade novos sentidos de pertencimento à cultura da farinha no litoral catarinense.

Balaios e tipitis Ginho - Rede Catarinense de Engenhos de Farinha -  SCEnvolvendo engenhos dos municípios de Bombinhas, Garopaba, Imbituba e da capital Florianópolis, o Inventário Participativo dos Engenhos de Farinha do Litoral Catarinense percorreu o litoral para compreender a existência contemporânea de mais de 80 engenhos de farinha. “O território da farinha é o território comum”, diz o relatório da ação, se referindo ao sentido da vida rural compartilhada, memórias de roças, ramas e farinhadas (mutirão para produção de farinha de mandioca) de municípios que distam até 100 km entre si. O inventário demonstrou como se reinventou, apesar do processo de urbanização pelo qual passam esses municípios, a cultura da farinha e seus produtos associados, como melado, açúcar mascavo, beiju e fubá.

No cotidiano da produção tradicional de farinha, roças e engenhos têm significado especial. Mais do que a produção em si, esses espaços são centrais na sociabilidade de famílias, portadores de memórias e da vida comunitária de maneira mais ampla. É onde estão objetos fundamentais no manejo da mandioca raiz: cochos de madeira para lavar as raízes recém-colhidas; peneiras para selecionar a farinha mais fina; e balaios de cipós ou taquaras de bambu para guardar uma infinidade de coisas. Nesse universo, a farinhada é ponto máximo do calendário – reuniões para feitura da farinha, quando o mundo do trabalho é atravessado pela mística de uma festividade, reunindo famílias e comunidades, com modos de fazer e relações de afeto e memória.

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