Projeto Milonga reforça características culturais e religiosas afro-brasileiras

O projeto Milonga – Repensando Critérios de Tombamento de Terreiros é uma iniciativa que contribui para a compreensão das especificidades culturais e religiosas afro-brasileiras

Na língua banto de origem africana, milonga significa mistura – seja ela de nações, de tradições ou de costumes. No terreiro Tumba Junsara, em Salvador (BA), a mistura deu liga. E originou o projeto Milonga – Repensando Critérios de Tombamento de Terreiros, iniciativa que tem por objetivo contribuir para a compreensão das especificidades culturais e religiosas afro-brasileiras. A ação, desenvolvida entre os anos de 2016 e 2018, vencedora na Categoria 1 - Iniciativas de excelência no campo do Patrimônio Cultural Material - Segmento 3 - instituições sem fins lucrativos da sociedade civil organizada.

Criado após o Curso de Gestão de Terreiros, em 2016, o Milonga iniciou suas atividades em torno da discussão das peculiaridades de um candomblé de tradição Angola. Ao longo de dois anos, foram desenvolvidas ações em três frentes: o fortalecimento institucional do Tumba Junsara, o levantamento da memória dos mais velhos e da vizinhança do templo e o debate sobre os critérios de tombamento de terreiros.

Além da realização de seminários e oficinas entre os membros e instituições de ensino como a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade de Brasília (UnB), o projeto resultou na elaboração de dois dossiês de tombamento, um estadual e um federal, e na campanha “Tomba Tumba”, que mobilizou lideranças da Casa, intelectuais e acadêmicos em torno da proteção do local.

O projeto Milonga – Repensando Critérios de Tombamento de Terreiros é uma iniciativa que contribui para a compreensão das especificidades culturais e religiosas afro-brasileirasTerreiro Junsara
Legado, resistência e religiosidade compõem a essência do Terreiro Tumba Junsara, em Salvador (BA), que está entre os mais antigos de tradição Angola no Brasil. Fundado em 1919 pelos irmãos Manoel Rodrigues e Ciriaco, o terreiro de candomblé tornou-se Patrimônio Cultural Brasileiro em 2018.

Assentamentos, moradias, barracão, mata e uma fonte de água, é a estrutura atual do terreiro. A Fonte Dandalunda recebe quem entra no terreiro. Bem no meio está a moradia principal e mais antiga, que antecede o quarto do segredo, Lemba Oxalá. A cozinha da residência é também a cozinha sagrada. A mata reduzida é formada por pés de nativo, jurema, bambu, obi e akokô, que têm uso medicinal em rituais, alimentar e paisagístico.

A Casa reproduz em seu território as estruturas litúrgicas e mundanas necessárias para a tradição, o espaço mato e o espaço construído, que juntos, formam uma área sagrada. A comunidade do Terreiro Tumba Junsara abraça as tradições e se reinventa como culto.

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