Grupo busca construir o programa de Turismo Afro-Cultural na Casa de Cultura Fazenda da Roseira, em Campinas (SP)

Os brasileiros estão diante de uma oportunidade de contribuir para a salvaguarda do Patrimônio Cultural do Brasil. A Comunidade Jongo Dito Ribeiro, de Campinas (SP) participa de uma ação de financiamento coletivo, o Matchfunding do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

Nesta proposta, para cada R$1,00 doado pelo público, o Banco coloca mais R$2,00. O projeto Turismo Afro Cultural na Fazenda Roseira tem como objetivo principal salvaguardar e promover o Jongo. Os proponentes pretendem realizar roteiros com vivências do Patrimônio Cultural e criar um portal de turismo afro-cultural para divulgação das atividades jongueira.  Propõem também intervenções e projetos de acessibilidade para tornar mais inclusivo o espaço cultural da comunidade.

O Jongo do Sudeste, reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2005, traz como personagens as pessoas escravizadas que trabalhavam nas lavouras de café e cana-de-açúcar, localizadas no Sudeste brasileiro, sendo um elemento de identidade e resistência cultural para várias comunidades e também espaço de manutenção, circulação e renovação do seu universo simbólico. A percussão de tambores dá o compasso para a multiplicidade de performances musicais e coreográficas realizadas coletivamente e que tem em suas raízes os saberes, ritos e crenças dos povos africanos.

Para contribuir, basta acessar o portal de financiamento. Alessandra Ribeiro, integrante da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, conta que participam pela primeira vez de uma iniciativa de financiamento coletivo. Agora buscam difundir a iniciativa para atingir a meta de arrecadação, pois caso ela não seja cumprida, o dinheiro é devolvido aos colaboradores e o projeto não recebe os recursos do BNDES. “Temos até o dia 13 de dezembro para recebermos as doações solidárias. Conseguir avançar com esse projeto representa uma vitória não só para a comunidade jongueira, mas também para a cultura afro-brasileira, comunidade tradicionais, povos de terreiro e outros grupos. Então contamos com o apoio da sociedade”, disse. 

Como forma de agradecimento e de consolidação de parcerias, a comunidade preparou recompensas especiais para cada faixa de colaboração. Entre elas estão cartão postal, camiseta e ecobag com design exclusivo da campanha, o CD da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, convites para eventos etc. Com R$ 20 já é possível contribuir para atingir a meta. A chamada pública do BNDES tem o objetivo de selecionar iniciativas que deixem legado, ou seja, benefício perene a bens que são Patrimônio Cultural.

A realização de oficina de capacitação em elaboração e gestão de projetos culturais, uma das ações de salvaguarda promovida pelo Iphan junto à comunidade, foi fundamental para elaborar esse projeto, relata Alessandra. “Temos no Iphan um grande parceiro, que contribui de diferentes maneiras. Uma delas é essa articulação e capacitação para que possamos buscar nossa própria autonomia. Esse apoio configura como uma importante ponte ao promover espaços de diálogos entre as comunidades e os setores sociais”, conclui. 

Sobre o projeto
A Casa de Cultura Fazenda Roseira, com seu casarão histórico do século XIX construído de pau a pique, é uma referência de patrimônio cultural de matriz africana da cidade Campinas. Conduzida por mulheres da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, a fazenda há mais de uma década realiza projetos para recuperação e preservação da memória e da cultura afro-brasileira, que tem marcas profundas na história da cidade. 

Durante esses anos a comunidade vem desenvolvendo ações de turismo afro-cultural  sobre o Jongo, educação étnico-racial e cosmovisão ambiental recebendo escolas da região, universidades, grupos culturais e turistas. 

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