Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, no Centro do Rio (RJ), vai passar por obras estruturais
Além de largas avenidas, o Centro do Rio de Janeiro é recortado por vias estreitas que contam a história da cidade. É o caso da Rua da Alfândega, cuja origem remonta ao século XVII. A poucos metros da Avenida Rio Branco – na qual o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) traz ares de modernidade para a região – a Rua da Alfândega exibe um símbolo do Brasil dos tempos coloniais: a Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens.
A fim de preservar este monumento, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) designou aproximadamente R$766 mil para obras estruturais da igreja, inscrita nos Livros de Tombo Histórico e de Belas Artes. O Instituto tombou a edificação e o seu acervo em 1938, um ano após a criação do Iphan, que celebrou 83 anos na última segunda-feira (13 de janeiro).
O escopo das obras contempla a revisão do sistema elétrico; a restauração dos elementos que compõem a cobertura; bem como a descupinização do imóvel. As intervenções estão previstas para durar nove meses.
Antes do templo ser erguido, o local já era um ponto de devoção desde o século XVII. Na época, fiéis da Mãe dos Homens rezavam diante de um oratório de pedra, nas proximidades das ruas da Quitanda e da Alfândega. O monumento começou a ser construído em 1752, mas intervenções que aproximaram a edificação do feitio atual se prolongaram por mais de um século.
Ao longo dos anos, a igreja foi palco de fatos históricos. Entre abril e maio de 1798, por exemplo, abrigou um dos membros da Inconfidência Mineira, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes. Ele se escondeu nas dependências do templo até mudar de esconderijo para a Rua dos Latoeiros - atual Gonçalves Dias - onde o foi preso e levado para a Ilha das Cobras.
Além das memórias que preenchem livros de história, outras curiosidades podem ser notadas por um observador atento. Apesar da fachada apresentar duas torres, somente a do lado direito foi concluída. A torre esquerda segue inacabada e esse detalhe nascido de um atraso se tornou um traço distintivo do monumento.
As obras de 2020 devem compor mais um capítulo da história desse bem cultural. Assim, a Igreja de quase três séculos vai continuar a integrar a paisagem carioca por muitos anos.
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