Bem no Centro Histórico de Salvador (BA), vestígios de mais um importante capítulo da história do Brasil estão sendo revelados. Um enterramento humano, com características da tradição Tupiguarani, foi resgatado pela equipe de arqueologia que acompanha a obra de requalificação que percorre a Avenida Sete de Setembro, na capital baiana. 

A posição da ossada, evidenciada próximo ao Relógio de São Pedro, determinava que o corpo foi enterrado em posição fetal, junto a um vasilhame cerâmico de formato oval, e cerca de 80 centímetros de comprimento e 60 de largura. Seus elementos e características são as marcas que revelam e ajudam a contar a história da cidade e seus primeiros moradores. Segundo Alex Colpas, arqueólogo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na Bahia, esse material se destaca por representar o primeiro achado arqueológico de antigos aldeamentos indígenas nessa região onde hoje se encontra a Avenida Sete de Setembro, antes da colonização portuguesa. 

Como parte do material resgatado, estava um crânio intacto, localizado a 32 centímetros de distância de um duto de distribuição de água, a 1,15 metros da camada de asfalto. Esse é, de acordo com o técnico do Iphan, um outro ponto importante, já que os vestígios foram identificados em uma área urbana, que recebeu sucessivas intervenções ao longo dos anos, o que reforça a necessidade e relevância da pesquisa arqueológica nesses contextos, visando a preservação da memória e da história nacional.

Resgate da história
No ano de 1549, o primeiro Governador-Geral do Brasil, Tomé de Souza, chegou à sede da capitania hereditária da Bahia, antigo Arraial do Pereira, então Vila Velha do Pereira. Seu objetivo era encontrar um lugar para edificar Salvador, que viria a se tornar uma das cidades mais fortificadas do mundo à época. Acompanhado de seu mestre de obras, Luis Dias, ele seguiu pelo Caminho do Conselho (atual Ladeira da Barra) até o Outeiro Grande (hoje, Campo Grande), até atingir um altiplano (onde, atualmente, se encontra a Praça Municipal), em que poderiam edificar uma fortaleza. 

Nesse trajeto, o grupo encontrou três aldeamentos indígenas. Eles se localizavam onde hoje estão o Passeio Público, a Praça da Piedade e o Mosteiro de São Bento, sendo este último o local onde agora foram resgatados esses importantes vestígios arqueológicos. 

Além deles, o trabalho ao longo da obra de requalificação do Centro Histórico de Salvador vem identificando diversos outros materiais, de diferentes datações, como estruturas de antigas edificações, como a base do palco do Teatro São João, além de ossadas e moedas, entre outros objetos. Ao todo, são cerca de 12 mil peças exumadas até o momento, ao longo da obra que segue por toda a avenida até a Praça Castro Alves. A Prefeitura Municipal é a responsável pela intervenção, que conta com autorização e acompanhamento do Iphan.

Mais informações para a imprensa
Assessoria de Comunicação Iphan
comunicacao@iphan.gov.br
Déborah Gouthier deborah.gouthier@iphan.gov.br
(61) 2024-5516 - 2024-5533 
www.iphan.gov.br
www.instagram.com/IphanGovBr | www.facebook.com/IphanGovBr
www.twitter.com/IphanGovBr | www.youtube.com/IphanGovBr