Mestre Grimário dá aula de Cavalo-Marinho em live realizada nesta sexta-feira


Registrado como Patrimônio Cultural do Brasil, o Cavalo-Marinho é manifestação realizada nos estados de Pernambuco e Paraíba

“Minha escola e minha faculdade foram o Cavalo-Marinho”, diz José Grimário da Silva, 54, o mestre Grimário, do Cavalo-Marinho Boi Pintado, adiantando o tema da ação Patrimônio Cultural #Emcasa desta sexta-feira, 1º de maio. Convidado desta semana, Mestre Grimário é natural do município de Aliança (PE), zona da mata pernambucana, uma das terras do Cavalo-Marinho, manifestação que é registrada como Patrimônio Cultural do Brasil. Enquanto o isolamento social segue como principal medida de contenção à epidemia de Covid-19, as narrativas e a musicalidade da cultura popular estarão disponíveis na ação, realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em parceria com detentores.

E na faculdade de mestre Grimário, o bate-papo musical vira aula para contar sua história pessoal na cultura popular, que começa no corte de cana-de-açúcar. “Já fui assim trabalhando no canavial. Trabalhava no terreiro da casa de mestre Batista. Minha vó trabalhava na cozinha e eu trabalhava tirando capim para o gado. Eram pessoas rígidas, fui criado assim, trabalhando”, reconta o mestre. “Com seis anos de idade, já trabalhava pra me manter. E minha faculdade de vida foi Cavalo-Marinho e Maracatu de Baque solto.”

E da vivência no grupo do mestre Batista, Grimério fundou, em 1993, o grupo Cavalo-Marinho Boi Pintado. Com seus 21 integrantes, rabeca, pandeiro, bage e mineiro, instrumentos que conduzem a manifestação, o grupo é um dos dois existentes em Aliança. “Eu trabalho mais com os personagens, com os adereços”, explica o mestre, cuja família é o próprio grupo: sua esposa, Andala, e os quatro filhos também organizam e são brincantes do Boi Pintado. E mais: o grupo tem viola, o único a usar esse instrumento no estado de Pernambuco.

A música, os adereços e o teatro popular do Cavalo-Marinho vão ser tema da ação Patrimônio Cultural #Emcasa desta sexta-feira, 1º de maio. Com o isolamento social como principal medida de contenção da epidemia de coronavírus, a ação busca visibilizar práticas e saberes de detentores e, também, reforça a mensagem: fica em casa. A transmissão é feita de dentro da residência de cada mestra ou mestre. A ação já teve como convidados o mestre Hailton Carimbó e o cantor Tiãozinho da Mocidade, detentores do Carimbó e das Matrizes do Samba, respectivamente. Também participaram Dona Dalva, sambadeira do Samba de Roda do Recôncavo Baiano, e o grupo Fandanguará, do Fandango Caiçara.

Cavalo-Marinho

Realizado no ciclo natalino, o Cavalo-Marinho é uma brincadeira popular, expressão que envolve performances musicais, coreográficas e dramáticas, sendo registrado como Patrimônio Cultural do Brasil em 2014. Os brincantes, no geral, são trabalhadores da zona rural, principalmente das regiões da Zona da Mata norte de Pernambuco e sul da Paraíba, ocorrendo em outros locais do país.

Sendo definido como um grande teatro popular, o Cavalo-Marinho, em suas origens, era realizado em engenhos de cana. Nesse teatro, são representadas as cenas do universo do trabalho rural, presente e passado, envolvendo música, dança, rituais, poesia. Há, ainda, personagens mascarados e bichos, como boi e o próprio cavalo. A manifestação ainda envolve a louvação ao Divino Santo Rei do Oriente e contém momentos de culto à Jurema Sagrada.

Serviço
Patrimônio Cultural #Emcasa
Data: 1º de maio de 2020, às 18h
Local: na sua casa
Para assistir, basta acessar as redes sociais do Iphan:
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Mais informações para imprensa
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Moisés Sarraf – moises.sarraf@iphan.gov.br
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