Com programação de lives, capoeiristas do Ceará movimentam agenda cultural

Fotografia de Pierre Verger. Fundação Pierre Verger. Acervo Iphan.“É uma nova ginga que estamos fazendo dentro das redes”, explica Orismídio Duarte, o Mestre Caboré, que segue em isolamento em sua casa, na cidade de Crato, no Cariri cearense. O mestre capoeirista tinha optado, há alguns meses, por sair das redes sociais para se dedicar à sua dissertação de mestrado. Mas agora, em plena pandemia de Covid-19, encontrou motivos para retornar: “É um novo olhar para a utilização das redes sociais, que, de fato, produz conhecimento. E as pessoas estão se encontrando nesses cruzamentos de ideias”, argumenta.  

Nesse momento de distanciamento social, principal medida de prevenção ao novo coronavírus, a internet e suas diversas plataformas têm se transformado, mais do que nunca, em verdadeiros pontos de encontro e produção de cultura. Foi esse o entendimento dos mais diversos grupos e mestres de capoeira do Ceará, que têm promovido, diariamente, uma série de lives, oficinas e bate-papos virtuais, proporcionando debates, aprendizado e um aprimoramento contínuo para quem é e quem não é da Capoeira.

Para apoiar e divulgar esse esforço coletivo, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) criou uma espécie de agenda compartilhada das atividades da Capoeira no Ceará. Nela, os próprios detentores informam suas programações e todos podem acompanhar a diversa gama de lives e discussões abertas ao público pelas redes sociais, como o Instagram e o Facebook. Além delas, também estão sendo realizadas oficinas e aulas, mantendo ativas escolas e centros culturais, como fez a Associação Zumbi Capoeira (AZC), de Fortaleza.

Mestra Carla Mara, uma das representantes do grupo, explica que com as aulas online, os alunos mantêm suas atividades e o apoio financeiro que possibilita a manutenção da casa, utilizada, normalmente, como centro cultural e espaço de reuniões e eventos em apoio a cerca de dez comunidades da capital cearense. Além disso, o principal resultado dessas atividades, segundo a mestra capoeirista, é a mudança na energia e no ânimo dos participantes. “É uma luta constante, um desafio, e é nesses momentos que a gente vai se reinventando. Depois que isso passar, vamos ter a oportunidade de sermos outras pessoas e valorizar coisas que, antes, a gente nem enxergava.” 

Assim como a AZC, o Ponto de Cultura Capoeira Água de Beber ampliou suas atividades. Também de Fortaleza, o grupo coordenado pelo Mestre Robério Batista, viu no período difícil a oportunidade de realizar projetos que já queria fazer, mas não sabia como, tais como a formação de um grupo de qualificação e aperfeiçoamento – agora, feito à distância, por meio da plataforma Zoom, atendendo 65 pessoas em vários lugares do mundo. Segundo Mestre Robério, as diversas atividades e seus conteúdos vêm sendo planejados para que sejam interessantes para todo tipo de público. “A gente precisa chegar nas pessoas que, às vezes, não estão dentro da Capoeira. Assim, temos o cuidado de ampliar o nosso conteúdo nas lives, que estão sendo feitas três ou quatro vezes por semana. Isso é o que a gente chama de informação inclusiva, pois o nosso conhecimento tem uma forma específica de ser transmitido e, assim, vamos abrangendo o máximo de pessoas”, explica.

Salvaguarda e informação
A Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira são bens registrados pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil desde 2008. Presente em todo o território nacional, a manifestação cultural é caracterizada por suas múltiplas dimensões, envolvendo o canto, o toque dos instrumentos, a dança, os golpes e o jogo. 

Forte expressão cultural de luta, a Capoeira encontra agora uma forma dinâmica de, mais uma vez, resistir. Com a agenda compartilhada, os mestres capoeiristas do Ceará reforçam sua atuação como patrimônio vivo e expandem seus trabalhos, produzindo e transmitindo conhecimento. As atividades incluem debates e apresentações sobre os movimentos e batuques, ancestralidade, religiões de matriz africana, pedagogia, inclusão, entre outros assuntos e metodologias. Só da semana de 04 a 10 de maio, foram 24 atividades divulgadas pelo projeto. A programação é atualizada diariamente, conforme as informações disponibilizadas pelos próprios capoeiristas.


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