Mestra da cultura popular e pesquisadora, a jongueira Alessandra Ribeiro participa de live


A jongueira Alessandra participa da ação Patrimônio Cultural #EmCasa nesta sexta-feira, dia 22 de maio 
 

A pesquisa acadêmica foi uma forma de visibilizar a ancestralidade do Jongo na vida da mestra Alessandra Ribeiro, 44, convidada da ação Patrimônio Cultural #EmCasa desta sexta-feira, 22 de maio. Em Campinas (SP), Alessandra faz parte do movimento que garantiu direitos à periferia por meio do Patrimônio Cultural. A mobilização comunitária dos últimos anos e os projetos realizados serão alguns dos temas abordados pela mestra Alessandra durante o bate-musical promovido a partir da parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e mestres e mestras da cultura popular.

“Efetivamente, o Jongo mudou minha vida. Nasci numa família negra, matriarcal e periférica de Campinas. Até os 20 anos, não sabia que meu avô era jongueiro. Conheci, me emocionei, me envolvi”, descreve mestra Alessandra Ribeiro. “Comecei a sonhar com um homem negro. Resolvi fazer uma festa em casa, com meus familiares, meus tios mais velhos. E aí fui recuperar a história do meu avô Benedito Ribeiro. Descobri que meu avô fazia Jongo”, reconta ela, liderança na comunidade Jongo Dito Ribeiro, homenagem ao avô de Alessandra, cuja família se estabeleceu em Campinas na década de 1930.

Com a morte de Dito Ribeiro, a família deixou de praticar o Jongo, mas o sonho foi um chamado à prática e, na sequência, estímulo à vida acadêmica da jongueira. “Entrei na faculdade em 2005. E meu TCC [Trabalho de Conclusão de Curso] foi um balanço historiográfico sobre tudo o que foi produzido na academia sobre o Jongo até 2008”, conta ela.

Da graduação ao mestrado, a história da manifestação atravessa a pesquisa: à época, a fazenda Roseira, periferia de Campinas, criada no início do século XIX, estava em processo de desapropriação para se tornar bem público da prefeitura. Diretamente implicada nas memórias da comunidade ao redor e marca da trajetória do Jongo, a fazenda se tornou espaço gerido pela comunidade. E o processo foi abordado pela pesquisa de mestrado de Alessandra. Hoje, a fazenda abriga o Centro de Referência do Jongo de São Paulo, onde visitantes são convidados a conhecer a manifestação, podendo participar de vivências sobre a prática e conhecer as comunidades jongueiras.

“Sou a primeira detentora do Jongo que alcançou uma pós-graduação”, conta Alessandra, cuja pesquisa de doutorado ampliou a abordagem. “Fiz um levantamento para catalogar o que eram bens de matriz africana em Campinas”, explica a pesquisadora, que também é mãe de santo na umbanda. “Foi o Jongo que me formou como ser humano social, cultural, político”, diz. Para ela, o Patrimônio Cultural imaterial possibilitou a garantia de direitos à comunidade. “Mesmo com uma sociedade racista, o Jongo me fortalece para que eu possa entender que eu posso estar em todos os lugares.”

A ancestralidade jongueira no interior do São Paulo e a mobilização da comunidade Dito Ribeiro vão estar entre canções do Jongo na edição desta sexta-feira, dia 22 de maio, da ação Patrimônio Cultural #Emcasa. A ação visa a visibilizar saberes e práticas de bens registrados, além de ressaltar a necessidade do isolamento social como principal medida de contenção da pandemia de Covid-19.

Jongo no Sudeste

Dança coletiva, percussão de tambores e cultos de matriz africana e do catolicismo popular compõem o universo do Jongo no Sudeste, expressão afro-brasileira registrada como Patrimônio Cultural do Brasil em 2005. Praticado nas periferias das cidades e em comunidades rurais do Sudeste brasileiro, o Jongo também é uma forma de louvação aos antepassados, consolidação de tradições a afirmação da identidade negra, permeado por saberes, ritos e crenças africanas, sobretudo as de origem na língua bantu. O Jongo emerge entre a população escravizada que trabalhava nas lavouras de café e cana, principalmente no vale do Rio Paraíba, sendo, também, uma forma de comunicação como estratégia de sobrevivência e transmissão de conhecimentos.

Serviço
Patrimônio Cultural #Emcasa
Data: 22 de maio de 2020, às 18h
Local: na sua casa
Para assistir, basta acessar as redes sociais do Iphan:
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Mais informações para imprensa
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Moisés Sarraf – moises.sarraf@iphan.gov.br
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