Festival São João na Rede amplia fonte de pesquisa para o registro do Forró
A tradicional fogueira de São João, este ano, por conta da pandemia do novo coronavírus, vai ser bem diferente. Mas não vai ficar na saudade. O Festival São João na Rede - o forró que a gente gosta, que começa no dia 12 de junho e terá 14 dias de programação, pretende manter a chama acessa. E o melhor: tem o forró como foco dos festejos.
As matrizes tradicionais do forró estão em pesquisa pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), visando ao registro como Patrimônio Cultural do Brasil. De acordo com o coordenador da pesquisa de registro, Carlos Sandroni, o Festival está mobilizando forrozeiros e possibilitando à equipe de trabalho expandir muito as redes de contatos. “Estamos tendo acesso a informações e podendo conhecer melhor, e sob ângulos diferentes, o que esse grupo tão grande e diversificado pensa sobre a questão da patrimonialização desse bem cultural”.
Durante o Festival, mais de 200 detentores dessa prática vão demonstrar a dimensão multifacetada do forró através de shows musicais; dança; literatura, poesia; entrevistas; conversas com mestres e mestras do forró; gastronomia; indumentária; cinema; clipes; brincadeiras; e oficinas. Nascido no Nordeste, mas com forte presença no Sudeste e espalhada por todo o país, o forró estará no centro dos 14 dias de atrações, contemplando 13 estados brasileiros e o Distrito Federal.
A iniciativa conjunta entre o Fórum Forró de Raiz Nacional e suas representações estaduais, Associação Cultural Balaio Nordeste e Associação Respeita Januário nasceu a partir da ideia do coordenador do evento, artista e pesquisador, Climério de Oliveira “A intenção do Festival é vincular o termo ‘rede’ à nossa tradicional rede de deitar nordestina e à rede de computadores chamada internet”, explica. A diretora da Associação Cultural Balaio Nordeste, Joana Alves, que também é coordenadora do Fórum Nacional do Forró de Raiz, considera o evento importante porque vai ocupar o espaço deixado vago pela ausência das festas juninas. “É uma forma de mantermos essa comunidade de forrozeiros tradicionais mobilizada e com visibilidade”, afirma.
Ação Solidária
O Festival também tem como objetivo criar um fundo solidário destinado a profissionais da cadeia produtiva do forró que estão em situação de vulnerabilidade por causa do distanciamento social. As doações poderão ser realizadas pelo público por meio de uma plataforma online. Já as pessoas que participam do festival e pretendem receber o benefício, devem preencher o formulário no site do evento até o dia 30 de junho. Uma comissão de avaliação será formada para selecionar os que serão beneficiados.
Programação:
Toda a programação está disponível no site e redes sociais do Festival São João na Rede. As transmissões serão realizadas nos canais do YouTube e Instagram e o público pode acompanhar as informações também pelas páginas do Facebook e Twitter.
O processo de Registro das Matrizes Tradicionais do Forró
Em setembro de 2011, a Associação Cultural Balaio do Nordeste encaminhou ao Iphan o pedido de registro das Matrizes Tradicionais do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil. Desde então ocorrem nos Estados encontros, fóruns e audiências públicas para discutir o processo de reconhecimento, abordando os potenciais, significados e limites da política de Patrimônio Cultural.
Dois grandes eventos já foram realizados para ampliar as discussões. O Encontro Nacional para Salvaguarda das Matrizes do Forró, ocorrido em 2015, em João Pessoa (PB) e o Seminário Forró e Patrimônio Cultural, em 2018, no Recife (PE). Para que um bem seja registrado pelo Iphan é necessário possuir relevância para a memória nacional, continuidade histórica e fazer parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira.
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