Com recorde de inscritos, Prêmio Rodrigo 2020 chega à segunda etapa
Ao todo, 515 ações participam da maior premiação do Brasil voltada à valorização do Patrimônio Cultural
Está começando a segunda etapa do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2020, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia vinculada ao Ministério do Turismo. Com o fim do período de inscrições, encerrado na última sexta-feira, dia 12 de junho, as 515 ações inscritas passarão, agora, pela avaliação das Comissões Estaduais. Elas estão formadas nos 26 Estados e no Distrito Federal e vão selecionar as propostas que seguirão para a etapa nacional, da maior premiação nacional voltada à valorização, promoção e preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro.
Este ano, as inscrições ocorreram online. A iniciativa visava facilitar uma maior participação de agentes dos mais recônditos lugares do território nacional, mas também foi uma forte aliada, tanto do Iphan quanto dos participantes, neste período de distanciamento social em função do enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. E a iniciativa deu certo, já que o prêmio recebeu o maior número de inscrições em uma única edição, em toda sua história.
A 33ª edição do Prêmio Rodrigo
Este ano, o edital da premiação veio com algumas novidades. Os concorrentes puderam escolher entre duas categorias (Categoria 1 - Iniciativas de excelência no campo do Patrimônio Cultural Material e Categoria 2 - Iniciativas de excelência no campo do Patrimônio Cultural Imaterial), que elencam seis segmentos distintos, distribuindo as ações de acordo com seus proponentes, agrupando por agentes públicos ou privados, cooperativas, fundações, micro empreendedor, grandes corporações e, também, pessoas físicas.
Entre os inscritos este ano, 182 ações são referentes ao Patrimônio Cultural Material (Categoria 1) e outras 333 estão ligadas ao Patrimônio Cultural Imaterial (Categoria 2). Com relação aos segmentos, 70 ações foram apresentadas por agentes públicos (segmentos I e II); vindas de universidades públicas ou privadas foram 39 ações (segmento III); e outras 38 ações foram inscritas por empresas privadas ou fundações (segmento IV).
Cooperativas, associações, redes e coletivos apresentaram 146 ações (segmento V) que estão agora concorrendo ao Prêmio Rodrigo 2020. Já as ações do segmento VI são as que possuem o maior número de participantes, sendo 35 ligadas a micro empreendedores individuais e outras 186 apresentadas por pessoas físicas.
Após a avaliação das Comissões Estaduais, compostas por representantes das diferentes áreas culturais e presididas pelos superintendentes de cada Estado, as ações selecionadas seguirão para a etapa nacional. Estas serão analisadas pela Comissão Nacional de Avaliação, formada pela presidência do Iphan e por 21 jurados que atuam nas áreas de preservação ou salvaguarda do Patrimônio Cultural.
Ao final, serão selecionadas 12 ações no campo do Patrimônio Cultural Brasileiro. Cada premiado receberá o valor de R$ 20 mil.
Desde sua criação, a Comissão Nacional de Avaliação desempenha um papel de extrema relevância para a promoção dos bens culturais do Brasil. Responsável pela seleção dos trabalhos premiados, a comissão é formada por 21 profissionais, representantes de instituições públicas e da sociedade civil, experientes, qualificados e envolvidos em caráter permanente com a produção e proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro.
Além dos 12 grandes vencedores, no momento da análise das ações concorrentes, a Comissão Nacional poderá definir cinco delas que receberão a distinção de menção honrosa. Essas ações não receberão a premiação principal, mas serão reconhecidas por seu mérito para a preservação, salvaguarda, promoção e valorização do Patrimônio Cultural Brasileiro.
Em 2020, o Prêmio Rodrigo faz, também, uma homenagem ao Patrimônio Cultural Moderno. A construção do campo do Patrimônio Cultural no Brasil está intrinsicamente relacionada aos modernistas e ao movimento moderno da semana de 1922, razão pela qual a criação do Iphan, em 1937, trouxe contribuições do ponto de vista conceitual e de valores patrimoniais que ainda não eram trabalhados internacionalmente.
Desta forma, a arquitetura e o urbanismo brasileiros tiveram uma contribuição preponderante ao Movimento Moderno em âmbito mundial. Muitos são os casos que marcam essa história, como a construção do prédio do Ministério da Educação e Saúde – Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro (RJ); as obras dos arquitetos Lucio Costa e Oscar Niemeyer; os trabalhos do paisagista Roberto Burle Marx e do artista plástico Athos Bulcão; a escola paulista com as construções de Warchavchik e de Vila Nova Artigas, Reidy e os Irmãos Roberto, no Rio de Janeiro.
Outros dois exemplos incontestáveis da importância brasileira no Movimento Moderno são o Conjunto Urbano de Brasília (DF) e o Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte (MG). Ambos são reconhecidos como Patrimônio Mundial pela Unesco, sendo que a capital brasileira, que comemora 60 anos em 2020, foi a primeira cidade do mundo a ser tombada como Patrimônio Cultural Moderno.