Começa restauração da fachada do Edifício Docas de Santos, sede do Iphan-RJ
As obras do Edifício Docas de Santos, que abriga a superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio de Janeiro (RJ), continuam a pleno vapor: se iniciam neste mês de setembro as obras de conservação das fachadas. Desde dezembro de 2019, o edifício conhecido como RB46 está passando pela maior restauração de seus 111 anos de história.
As intervenções incluem a restauração dos bens móveis integrados, dos elementos artísticos e de todas as esquadrias, pisos e paredes. A restauração da cobertura já foi concluída. Além disso, serão promovidas adaptações para tornar os ambientes acessíveis e para implementar um sistema de segurança com circuito fechado de TV.
Encobertas por camadas de tinta branca desde a década de 1960, algumas das pinturas artísticas e decorativas – atribuídas aos artistas Del Bosco e Benno Traidler – estão prestes a ser reveladas: a decapagem e a reintegração cromática dessas obras de arte são parte do escopo de restauração do imóvel. Essa etapa atrai a curiosidade dos entusiastas do Patrimônio Cultural e promete valorizar ainda mais a ornamentação do imóvel.
A previsão é que as obras se encerrem em 2022. O Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, está investindo cerca de R$ 13 milhões nas intervenções.
O último dos comerciais de porte leve
Quando o edifício começou a ser construído, os carros eram raros na avenida e os pedestres caminhavam pela via vestidos a rigor: homens portavam fraque e cartola, enquanto as mulheres trajavam chapéus e vestidos longos. Mais de um século depois, a moda se transformou e o fluxo de carros aumentou em grande medida. Atualmente, o RB46 testemunha a agitação urbana contemporânea e ecoa o apito do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que, com regularidade, atravessa o trecho da rua em frente ao monumento.
Inaugurado em 1908, trata-se do último dos imóveis comerciais de porte leve da então Avenida Central, atual Rio Branco, a manter-se erguido por mais de um século. Grande parte dos materiais que dão forma às paredes, escadarias, corrimões e maçanetas do imóvel partiram da Europa e atravessaram o Oceano Atlântico antes de desembarcar na costa carioca.
De estilo eclético, o imóvel foi projetado pelo engenheiro paulista Ramos de Azevedo e construído pela empresa Antonio Januzzi, Filho & Companhia. Ostenta um minucioso trabalho de entalhe de madeira nas portas.
O prédio possui pisos em mármore de Carrara, além de ser decorado com temática marítima: referência à vocação naval da Companhia Docas de Santos, que nele instalou sua sede. Os salões e os adornos a todo o momento trazem o mar para dentro da edificação. Na fachada, em cantaria e argamassa pigmentada, podem ser notadas proas de navios e gárgulas decorando os andares superiores. As alegorias míticas evocadas por esses elementos resgatam o período em que o comércio marítimo conduzia a exportação do café brasileiro para o mundo.
O imóvel possui cinco pavimentos, com duas lojas no térreo dotadas de vitrines em cristal. Internamente, a estrutura é de ferro fundido, inclusive a escada que perpassa os cinco pisos e que contorna o elevador da época da inauguração. Um dos primeiros a ser instalado no Rio de Janeiro, o elevador ainda funciona: o gradil está sendo restaurado e os sistemas dos equipamentos serão revistos para garantir conforto e segurança.
O tombamento da edificação ocorreu em 1978, quando foi inscrita nos Livros do Tombo Histórico e das Belas Artes. Oito anos depois, em 1986, tornou-se sede da Fundação Pró-Memória, que em conjunto com o então Sphan (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) deu origem ao Iphan. Atualmente, o Instituto está vinculado à Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo.
Durante as obras, o Iphan-RJ foi transferido para o Centro Empresarial Cidade Nova, mais conhecido como Teleporto, localizada na Avenida Presidente Vargas, 3131, Cidade Nova, 4º andar.
Recursos do FDD
Coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, o FDD reúne recursos provenientes de condenações judiciais, multas e indenizações para a reparação de danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Entendidos como reparação à ordem econômica e outros interesses difusos e coletivos, esses valores são destinados a projetos de órgãos públicos e entidades civis, selecionados a partir de decisão do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos.
Em 2019, o Iphan pleiteou a aprovação de diversas ações, tendo sido aprovados 20 projetos, que somam recursos de R$ 90,4 milhões em investimentos para sete estados brasileiros: Alagoas, Amazonas, Bahia, Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
No Rio, os recursos foram destinados a alguns monumentos tombados pelo Iphan e, além do Edifício Sede da Superintendência, o Docas de Santos, o Museu Histórico Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e a Casa de Rui Barbosa também foram contemplados.
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