Iniciado projeto executivo para a instalação do Centro de Interpretação do Cais do Valongo
Há exatos dois anos, em 23 de novembro de 2018, foi realizada a entrega da chancela do Cais do Valongo como Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Atualmente, está sendo elaborado o projeto executivo arquitetônico para a adequação das Docas Pedro II, imóvel que vai abrigar o Centro de Interpretação do Cais do Valongo.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada à Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, contratou o projeto executivo de restauração das Docas Dom Pedro II, espaço de dois andares e 14 mil metros quadrados. No dia 4 de novembro, foi assinada a ordem de serviço da contratação, no valor de aproximadamente R$ 2 milhões.
O principal objetivo do Centro a ser instalado é orientar visitantes e turistas sobre a história do Cais do Valongo, reconhecido pela Unesco como sítio arqueológico. Localizado na zona portuária do Rio de Janeiro (RJ), o monumento vai integrar o circuito conhecido como Pequena África, onde se encontram edificações que testemunharam a história afro-brasileira.
A localização privilegiada em relação ao sítio arqueológico, a história do edifício e suas dimensões ampliadas motivaram a escolha do Docas Pedro II como espaço ideal para abrigar o Centro de Interpretação. De propriedade da União, o imóvel vai sediar um complexo cultural: além do Centro, vai abrigar o Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana (LAAU), associado ao Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), da Prefeitura do Rio de Janeiro. O laboratório abriga cerca de 1,5 milhão de artefatos encontrados durante as escavações do Cais do Valongo. Para complementar o escopo do complexo cultural, a Fundação Cultural Palmares administrará no mesmo espaço um centro dedicado à herança africana.
O Cais do Valongo foi revelado em 2011 durante as obras da zona portuária do Rio de Janeiro, que contaram com processo de licenciamento ambiental com participação do Iphan. Trata-se de um dos mais importantes vestígios materiais da chegada dos africanos escravizados no Brasil. Foi o maior porto de desembarque do tráfico negreiro nas Américas, por onde estima-se que tenham passado cerca de um milhão de escravos, somente no século XIX. Também é conhecido como Cais da Imperatriz, pois em 1843 foi reformado para o desembarque da princesa Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, que se casou com o imperador D. Pedro II.
“O projeto executivo de restauro do Docas é um passo importante para consolidar a vocação turística do Cais do Valongo”, ressalta a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “A ideia é que o complexo cultural seja autossustentável e que contribua para que a região integre cada vez mais as rotas turísticas do Rio de Janeiro, de modo a gerar emprego e renda para a população”, explica Peixoto.
O superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Olav Schrader, destaca que o projeto executivo de restauro é fruto da união de esforços de diversas instituições, especialmente da Fundação Palmares. “O Cais do Valongo e sua área de entorno expressam não apenas a riqueza da matriz africana no Rio de Janeiro, como representam a complexidade do tecido social do país. No Cais desembarcaram negros escravizados, membros da realeza europeia, bem como mercadorias de todo o mundo, que adentraram no país após a abertura dos portos por Dom João VI”, complementa Schrader.
Docas Dom Pedro II
Tombado pelo Iphan em 2016, o edifício guarda valores históricos e etnográficos por preservar a memória da identidade nacional. Construído em 1871, foi projetado por André Rebouças, engenheiro negro que ergueu o prédio sem uso de mão de obra escrava. Rebouças fazia parte da nata da intelectualidade brasileira do século XIX e a sua genialidade transparece no Docas, que registra um importante capítulo da evolução da técnica de construção e modernização da operação de portos no Brasil.
Além do edifício, o tombamento inclui ainda a Pedra Fundamental e objetos encontrados no interior de uma Cápsula do Tempo. Ambos foram lançados no ano da construção do local, dia 15 de setembro, e encontrados em 2012, durante as escavações arqueológicas realizadas em uma das trincheiras do Cais do Valongo, situada na Rua Barão de Tefé (distante, portanto, das antigas Docas, por motivos desconhecidos).
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