Canoa de Pranchão Tradição - RS

Estudos realizados pelo Complexo de Museus da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) reconheceram a canoa de pranchão como o único modelo de embarcação tradicional propriamente desenvolvido no Rio Grande do Sul. Nas décadas de 1930 e 1940, alguns patrões experimentaram adaptar motores de popa em suas canoas, iniciando mudanças socioculturais. Assim como as outras embarcações em processo de proteção, a canoa de pranchão sobrevive a partir de ação institucional que garantiu a sobrevivência das últimas quatro canoas centenárias, todas de propriedade do Museu Náutico e restauradas pelo construtor naval José Vernetti: três navegando e uma em exposição no seco.

A Canoa de Pranchão Tradição foi construída em 1885 e possui 9,3 metros de comprimento. É um exemplar entre menos de uma dezena de remanescentes das mais de 500 embarcações que navegavam em meados do século XIX. O casco dessas canoas era construído com 48 a 50 pranchões de cedro, falquejados a enxó e fixados simetricamente uns aos outros com pregos e cavilhas sobre um esparso cavername com três cavernas mestras. As pranchas eram recortadas e armadas como em um quebra-cabeça, para garantir a vedação entre as diversas partes que formavam a canoa. Podiam ter uma, duas ou três velas (foque, traquete e mezena) tingidas com a tintura roxa extraída da casca da capororoca, uma pequena árvore típica da região do estuário. As velas eram conhecidas como “pano poveiro” e chegaram ao Rio Grande no final do século XIX. Adaptadas por pescadores portugueses às necessidades da navegação no estuário da Lagoa dos Patos, integraram-se à paisagem local.

 

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