Preparação das cuias

A planta cuieira (Crescentiacujete) fornece a matéria prima para a produção das cuias. A preparação das cuias e sua elaboração estética demandam cuidadoso trabalho das artesãs. Inicialmente, os frutos retirados da árvore popularmente chamada de cuieira são partidos ao meio com facão ou serrote. As duas metades são colocadas em bacias ou em pequenos cercados à beira do rio, quando é realizada uma primeira raspagem das superfícies internas e externas. 

Após este processo, as cuias são expostas ao sol e inicia-se o tingimento com cumatê, pigmento natural extraído do axuazeiro ou cumatezeiro. A água tingida é passada em ambos os lados das cuias secas e as peças permanecem sobre um jirau para secar. As cuias são colocadas em um estrado denominado cama ou puçanga, que é preparado com uma camada de areia e cinzas, em local coberto. Nessa camada é borrifada urina humana (para extração da amônia) colhida durante a noite anterior a esta preparação, em cuias grandes denominadas coiós. A camada molhada com urina é coberta por palha, as cuias são emborcadas e abafadas com pano ou lona e permanecem assim por cerca de seis horas. 

O procedimento é repetido com as cuias desemborcadas e, na etapa seguinte, começa a ser feita a ornamentação. A coloração escura da cuia é obtida com o cumatê, pigmento da planta cumatezeiro (Myrciam Atramentifera). A tintura é pincelada diversas vezes e depois da fixação a superfície está pronta para receber os desenhos, talhados com pontas de faca ou outros instrumentos cortantes. As gravuras mais frequentes são motivos florais, representações da fauna regional e grafismos indígenas, inspirados na cerâmica arqueológica, originária do povo Tapajó.

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