Monte Santo (BA)
O conjunto arquitetônico, urbanístico, natural e paisagístico de Monte Santo foi tombado pelo Iphan, em 1983. O conjunto possui grande beleza paisagística e simbólica, aliando o patrimônio natural ao cultural, e é um dos maiores marcos dos movimentos religiosos no Nordeste - um dos "montes sacros" (monte santo, lugar de devoção localizado no alto de uma montanha) do Brasil. A cidade está localizada no sopé da serra, na base do Monte Santo, em meio à planície arenosa que descamba em suave declividade para o Vale do Rio Itapicuru.
O sítio histórico - com valor tanto paisagístico quanto simbólico - é um dos maiores marcos dos movimentos religiosos no Nordeste e o segundo monte sacro reconhecido no Brasil. Possui 25 capelas que transpõem para o continente americano o universo místico dos camponeses portugueses que vieram para o Brasil. As capelas se articulam ao longo do percurso, e as do Calvário e das Dores são mais elaboradas devido às modificações e acréscimos posteriores. Destacam-se, no conjunto, as capelas de Nossa Senhora das Dores (construída no século XVIII) e do Senhor dos Passos (no século XX), e a coleção de ex-votos ofertados por peregrinos ao longo de quase 200 anos.
O município faz parte da microrregião de Euclides da Cunha, um território muito acidentado e seco, com cursos d’água temporários pertencentes à Bacia do Itapicuru. O Monte Santo baiano se inspira diretamente na tradição italiana, que tenta recriar um monte sacro - o Monte Calvário. Ele precede Bom Jesus de Bouças de Matozinhos (em Congonhas do Campo/MG), que só foi transformado em monte sacro, entre 1802 e 1818, quando foram construídos os seis Passos e colocados os grupos da Paixão de Cristo executados por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, de 1795 a 1799.
O tombamento abrange, também, logradouros do núcleo urbano com edificações e em toda a sua extensão. Tal agrupamento de ruas localiza-se próximo à serra, onde se inicia a Via Sacra ou Via Crucis (caminho sagrado ou caminho da Cruz). Na Rua Senhor dos Passos, está situada a Hospedaria dos Romeiros, primeira casa a hospedar os peregrinos que chegavam a Monte Santo com o objetivo de alcançar graças ou pagar promessas.
A área protegida abrange toda a Serra do Piquaraçá e o entorno da via principal que é a Rua Senhor dos Passos, onde se inicia a Via Sacra, durante a Semana Santa. Esta é a base principal do conjunto tombado, formada por um caminho que acompanha as linhas tortuosas da encosta da serra, da cidade até chegar ao topo, onde se encontra a igreja. Caracteriza-se como um espaço muito específico e dedicado, exclusivamente, às atividades religiosas.
Os outros logradouros próximos à serra, que compõem o sítio histórico, têm identidade arquitetônica harmônica e são formados por casas simples, na sua maioria térreas. No alto da serra, está o Santuário da Santa Cruz de Monte Santo, erguido a 1.969 metros da primeira capela, no início do íngreme caminho em que são feitas as tradicionais romarias. Ao longo do percurso, são encontradas 25 capelas com os Passos da Paixão e da vida de Maria.
Registros históricos indicam que Antônio Vicente Mendes Maciel (Antônio Conselheiro) - líder religioso e criador de Canudos - esteve em Monte Santo, por volta de 1892, onde realizou reparos e melhorias na Via Sacra, acompanhado por milhares de seguidores. Cinco anos mais tarde, Monte Santo se converteria na principal base militar da sangrenta Guerra de Canudos. Tais episódios serviram para consolidar a ocupação de Monte Santo e aumentar seu mistério e fama.
O município também é conhecido como o local onde foi encontrado, em 1784, o meteorito Bendegó com, aproximadamente, 6.000 quilos e é considerado um dos maiores do mundo. Em 1887, o meteorito foi transportado para o Museu Nacional do Rio de Janeiro, onde ainda se encontra.
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