Cataguases
As origens de Cataguases remontam a 1828, quando o Império buscou explorar os territórios não ocupados na província de Minas, visando a encontrar condições favoráveis de clima e de solo para as grandes produções agrícolas, principalmente do café, que se tornou o principal propulsor de desenvolvimento da região.
Foi Guido Thomaz Marlière o responsável pela construção de um pequeno povoado e uma capela que deram início à ocupação da região. Mais tarde, em 1877, foi inaugurada a estrada de ferro Leopoldina Railway Company, que fez da região local de ponto de embarque e de exportação do café, servindo também às cidades vizinhas. A partir de então, a cidade passou a manter um vínculo comercial e social com o Rio de Janeiro - capital do país de então.
Já no início do século XX a economia cafeeira cede lugar para o processo de industrialização. Cataguases passa a abrigar a Fábrica de Fiação e Tecelagem e, para este processo, chegou à cidade a Companhia Força e Luz Cataguases-Leopoldina. Nessa época a cidade foi marcada pela repercussão nacional do cinema de Humberto Mauro, Pedro Comello e Eva Nil; e pelo surgimento do movimento modernista dos “Verdes”, grupo de jovens literatos de Cataguases que, entre 1927 e 1929, lançaram e mantiveram a revista Verde, de cunho modernista.
Na década de 1940 teve início o ciclo da arquitetura e arte modernistas que se estendeu, até os fins da década de 1960. Merece destaque aqui, o papel preponderante da família Peixoto - proprietária das indústrias têxteis -, que financiou boa parte das obras modernas da cidade, a começar pela própria casa. Projetada em 1941 por Oscar Niemeyer, possui traços da arquitetura tradicional brasileira, jardins de Burle Marx, esculturas externas de José Pedrosa e Jan Zach. Em seu interior encontra-se o mobiliário de Joaquim Tenreiro e uma extensa coleção de obras de arte.
Em 1943, Francisco Peixoto encomenda a Oscar Niemeyer o projeto do Colégio Cataguases para substituir o antigo edifício que o abrigava. O novo colégio apresenta o paisagismo de Roberto Burle Marx, escultura de Jan Zach e o painel Tiradentes de Cândido Portinari, hoje em exposição no Memorial da América Latina.
Cataguases, em fins dos anos 1950, possuía várias construções com características da arquitetura moderna: estruturas de concreto armado e pilotis, fachadas e plantas integradas com o paisagismo e as artes plásticas.
Além das obras projetadas por Niemayer, e dos jardins de Burle Marx, a cidade abriga, em alguns imóveis, obras de Djanira – Igreja Santa Rita; de Portinari – painel em azulejos intitulado As Fiandeiras, na praça José Inácio Peixoto; de Jan Zach – esculturas; o mobiliário de José Pedrosa; e é de Emerich Marcier o afresco no Educandário Dom Silvério, entre outras.
Cataguases constituiu-se em um "lugar de modernidade". A cidade possui quatro zonas distintas, que traduzem o seu processo de formação e desenvolvimento urbano. A primeira zona revela o núcleo primitivo da cidade. A segunda está ligada à implantação da ferrovia - a estação ferroviária, os depósitos e armazéns, as instalações pioneiras das indústrias Irmãos Peixoto, as Vilas Operárias, o Hotel Villas, entre outros. A terceira zona abriga o novo bairro, surgido com a canalização do Córrego Lavapés, onde se destacam os eixos das avenidas Astolfo Dutra e Humberto Mauro, tendo o Colégio Cataguases como limite externo. A última zona está situada na margem direita do Rio Pomba, compreendendo as novas instalações da Companhia Industrial de Cataguases, a vila operária, o hospital, a maternidade e o cemitério.
Cataguases foi tombada em 17 de fevereiro de 2003, processo nº 1.342-T-94, inscrição n° 128, volume 2, folhas 24 a 28 do Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, inscrição nº 621, volume 2, folhas 45 a 49 do Livro de Belas Artes e inscrição nº 565, volume 2, folhas 67 a 72 do Livro Histórico.