Congonhas
A cidade de Congonhas tem a sua origem ligada à mineração do ouro. Localizada sobre dois morros opostos, entre os quais corre o Rio Maranhão, já no início do século XVIII o povoado era considerado um dos maiores centros de mineração das Minas Gerais. A área central da cidade, hoje, corresponde ao núcleo de origem da antiga povoação. As ruas, caminhos estreitos e sinuosos, organizaram-se de acordo com as condições topográficas mais favoráveis, unindo pontos de interesse coletivo, sem ordenação geométrica.
Em todo núcleo minerador da capitania de Minas Gerais, quando se descobria uma lavra, construía-se uma capela. Em Congonhas, a capela de Nossa Senhora do Rosário, construída pelos escravos, é a mais antiga; mais tarde a freguesia de Nossa Senhora da Conceição criou a Paróquia de Congonhas do Campo.
A ocupação da margem esquerda do Rio Maranhão data de meados do século XVIII. Foi nessa época que teve início a construção do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. A devoção ao Bom Jesus chegou a Congonhas por meio de um devoto português – Feliciano Mendes – que, em busca de ouro, veio para as terras mineiras. Devido a problemas de saúde, fez a promessa de construir em Minas um templo dedicado ao Bom Jesus de Matosinhos, inspirado nos santuários portugueses de Bom Jesus de Braga e de Matozinhos.
Terminada a construção do templo teve início a construção do adro e, mais tarde, foram esculpidas 12 esculturas – em pedra sabão e em tamanho natural – representando os doze profetas, de autoria de Aleijadinho e seus auxiliares. Fazem parte do conjunto do Santuário, também, as seis capelas dos Passos executadas por Aleijadinho, com a colaboração dos oficiais de seu atelier, que representam as passagens da vida de Cristo: Ceia, Horto, Prisão, Flagelação e Coroação de Espinhos, Cruz-às-Costas e Crucificação, por meio de um conjunto de sessenta e quatro esculturas, conforme consta no inventário de 1875.
O Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Congonhas, além da arquitetura religiosa, conserva bons exemplares da arquitetura civil. Encontram-se casas compostas, em sua maioria, de um só pavimento ou de um pavimento e um porão, em partido retangular e cobertura em telha canal, datadas dos séculos XVIII, XIX e XX. Esse conjunto foi inscrito no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico do Iphan. A Igreja Matriz de N. S. da Conceição foi inscrita no Livro de Belas Artes e tombada em 1950 e a Coleção de 89 ex-votos que pertencem ao Santuário foi inscrita no Livro de Belas Artes em 1981. Já o Santuário de Bom Jesus do Matozinhos foi inscrito no Livro do Tombo de Belas Artes pelo Iphan, em 1939, e teve o Santuário reconhecido como patrimônio mundial pela Unesco em 6 de dezembro de 1985.