São João del-Rei
As origens de São João del-Rei estão, como outras cidades de Minas Gerais, vinculadas à atividade de mineração do século XVII. O primeiro núcleo povoador da cidade se estabeleceu nas encostas da Serra do Lenheiro pela exploração aurífera, a partir de 1704, dando início ao processo de ocupação urbana de São João del-Rei em torno do Vale do Córrego do Lenheiro, tanto pela margem esquerda quanto pela margem direita.
Elevada a Vila, em 1713, um novo ponto referencial foi determinado, erguendo-se o Pelourinho na Chapada do Morro, do lado contrário à ocupação inicial do arraial, onde seriam implantadas as edificações mais importantes – a construção dos templos barrocos e de edifícios coloniais. O casario colonial se encontra entre os morros da Forca, do Martola e das Mercês, separados pelo Córrego do Lenheiro, que eram ligados por pontes de madeira que, em fins do século XVIII, foram substituídas por pontes de pedra. No cenário urbano aparecem as construções térreas de cimalhas simples e beirais. Dos sobrados setecentistas destacam-se a Casa de Câmara e Cadeia – onde hoje funciona a Prefeitura; a casa do Barão de Itambé; a casa de Bárbara Heliodora e o sobrado do Museu Regional.
A maior parte das edificações religiosas apresenta o partido tradicional da primeira fase da arquitetura mineira, com predominância de estruturas em pedra, adobe ou taipa: a Matriz de Nossa Senhora do Pilar, que foi construída em taipa e possui fachada de pedra; a igreja Nossa Senhora do Carmo; a Igreja Nossa Senhora do Rosário, que só recebeu as torres em 1934, e a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, iniciada em 1774 e concluída em meados do século XIX.
Diferentemente de outras cidades mineiras do Ciclo do Ouro, fundadas na mesma época e que tiveram seu apogeu durante o século XVIII até meados do século XIX, São João del-Rei continuou a se desenvolver durante os séculos XIX e XX, encontrando no comércio e na agropecuária e, posteriormente em algumas indústrias têxteis, importantes fontes de renda. O casario setecentista do núcleo original sofreu grandes intervenções e isso refletiu também no traçado urbano, com a demolição de quarteirões e a abertura de ruas.
A Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas instalou, em fins do século XIX, a estação de São João del-Rei, que conectava o oeste de Minas com a praça mercantil do Rio de Janeiro. A instalação da estação, com sua plataforma de cobertura metálica, rotunda e oficinas marcou a entrada do ecletismo na arquitetura da cidade.
O tombamento do conjunto arquitetônico de São João del-Rei foi efetivado por meio da Notificação nº45, do SPHAN, de 16 de fevereiro de 1938, assinada pelo então prefeito da cidade, Dr. Antônio das Chagas Viegas, em 24 de fevereiro de 1938 e inscrita, sob o nº1, fls.2, do Livro do Tombo das Belas-Artes, em 4 de março de 1938.