Serro
A história da cidade do Serro remonta a 1702 quando teve início o Arraial do Ribeirão das Minas de Santo Antônio do Bom Retiro do Serro do Frio, data das primeiras minerações de ouro na região. Ali, vários ranchos foram erguidos nas proximidades dos córregos, formando os arraiais de Baixo e de Cima, que se desenvolveram e, juntos, deram origem ao povoado do Serro Frio. A denominação é atribuída aos índios tupi-guarani e advém da palavra Ivituruí (ivi = vento, turi = morro, huí = frio).
A exploração desordenada da primeira década do século XVIII levou à criação do cargo de superintendente das minas de ouro da região. E, devido ao seu crescimento, em 1714, o arraial é elevado a Vila, recebendo o nome de Vila do Príncipe.
Mais tarde, os mineradores descobriram lavras de diamante na região. Para defender os interesses portugueses, em 1720, foi criada a grande comarca do Serro Frio, que passa a ser a maior comarca das Minas, e cuja sede era a Vila do Príncipe. A partir desse momento, após a descoberta dos diamantes, várias restrições foram impostas à exploração de ouro na comarca, culminando com a criação da Casa de Fundição, que recebia toda produção aurífera da região.
O processo de urbanização do Serro foi determinado pela mineração de ouro e diamante. Cabe ressaltar que a cidade mantém, ainda hoje, sua imagem urbana e arquitetônica semelhante à dos séculos XVIII e XIX, caracterizado por longas vias longitudinais, áreas verdes e edificações. A cidade apresenta um conjunto homogêneo de arquitetura colonial, onde se destacam dois exemplares: a Casa dos Otoni – construída no século XVIII, com estrutura de madeira, possui extenso terreno e forma assobradada, com varanda e balaustrada, piso em madeira e forro de esteira, e hoje abriga o Museu Regional Casa dos Otoni. A outra edificação de destaque é a Chácara do Barão. Construída na segunda metade do século XIX, em madeira e taipa, destaca-se também pela cantaria empregada nos bancos e no fogão de pedra sabão, além dos tanques em pedra, componentes do sistema de abastecimento de água.
As edificações religiosas, construídas a partir da segunda metade do século XVIII, utilizaram os sistemas construtivos da época da mineração – madeira e taipa – e obedecem ao estilo das capelas e matrizes mineiras das primeiras décadas do século XVIII, composto por plantas retangulares, frontispícios retos e torres de seção quadrada com cobertura de telhas, com tendência à linha reta. Observa-se, entretanto, a inserção de elementos típicos da região, tais como óculos colocados abaixo da empena e anexos laterais, estes muitas vezes incorporados mais tarde, para funcionamento de sacristias, consistórios ou depósitos. Algumas outras igrejas ou capelas diferenciam-se pelo emprego de torre única central, ou pela ausência de torres. Entre elas se destacam a Matriz de Nossa Senhora da Conceição – construída em madeira e taipa e, internamente, apresentando pinturas decorativas e ornamentação em estilo rococó; a Igreja Nossa Senhora do Carmo e a Igreja Bom Jesus de Matozinhos.
A cidade foi tombada em 8 de abril de 1938, processo nº 65-T-38, inscrição n° 25, constando do Livro de Belas-Artes, v. 1, p. 6.