Tiradentes
As origens da cidade de Tiradentes remontam aos primeiros anos do século XVIII, quando da descoberta de minas de ouro na região da bacia do Rio das Mortes. A aglomeração inicial, chamada Arraial Velho era vinculada à vila de São João del-Rei. Em 1718 foi elevada à categoria de vila e recebeu o nome de São José. A vila foi elevada a cidade em 1860, primeiramente com o nome de São José, substituído, em 1889, pelo de Tiradentes, em homenagem ao mártir da Inconfidência Mineira, por ser sua terra natal.
A cidade entrou no século XX com população bastante reduzida e limitando-se a atividades agropecuárias. Dessa forma, as modificações no espaço urbano da cidade foram limitadas e pontuais, concentrando-se no entorno do núcleo original setecentista que se manteve praticamente intocado. Além do núcleo urbano, a cidade de Tiradentes possui também um patrimônio paisagístico e ambiental não menos importante.
O conjunto arquitetônico e urbanístico de Tiradentes apresenta um acervo dos mais importantes de Minas Gerais, constituído por construções setecentistas religiosas, civis e oficiais. Na arquitetura civil destaca-se a harmonia do casario térreo, caracterizado pela simplicidade de suas linhas, que se alongam em lances contínuos pelas ruas principais da cidade. Há na sua arquitetura algumas peculiaridades, como as casas com número ímpar de janelas, a predominância de coberturas em duas águas e os beirais com beira-seveira, com alguns poucos exemplares de beirais em cachorros. Os sobrados apresentam menor número, quando comparados ao casario térreo, e possuem tratamento requintado de cantaria. Entre eles merece destaque o prédio da Prefeitura Municipal.
A arquitetura oficial em Tiradentes, representada pela Câmara e Cadeia, que em outras cidades históricas compartilhavam o mesmo prédio, ali ocupam edificações separadas. Outra construção pública de destaque é o chafariz de São José, um dos mais belos do Estado.
Das edificações religiosas, a Matriz de Santo Antônio é considerada um dos mais importantes exemplares da arquitetura colonial mineira. Apresentando fachada com risco de autoria do Aleijadinho, dentro dos padrões das grandes matrizes de Minas Gerais, possui, em seu interior, riquíssima ornamentação, não só pela talha da nave e da capela-mor, como também pelas sacristias ricamente decoradas. Destaca-se, ali, a excepcional composição do coro e da belíssima decoração do órgão, além do relógio de sol em pedra sabão existente em seu adro.
A cidade conta com outros templos, entre os quais se destacam a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a de Nossa Senhora das Mercês, com a pintura de seus forros apainelados, e a de São João Evangelista, que reúne, na talha da capela-mor, elementos de gosto oriental, barroco e rococó. As demais capelas, ainda que apresentem interiores mais singelos, constituem, igualmente, interessantes exemplos da arquitetura religiosa colonial mineira.
Tiradentes teve o seu Conjunto tombado em 20 de abril de 1938, processo nº 66-T-38, inscrição n° 36, constando do Livro de Belas Artes, v. 1, p.