Monumentos e Espaços Públicos Tombados - Mariana (MG)
Seminário Menor e Capela de Nossa Senhora da Boa Morte (Seminário de Nossa Senhora da Boa Morte), Igreja da Nossa Senhora Rainha dos Anjos, Igreja de Nossa Senhora da Glória, Capela de Nossa Senhora de Santana, Casa do Conde de Assumar, Casarão dos Morais e Centro Cultural no Seminário Menor, Praça São Pedro, Praça Minas Gerais, Praça Santo Antônio, Praça Tancredo Neves, Praça Barão de Camargo, Praça Dom Silvério, antigas pontes e capelas dos Passos, entre outros.
Casa do Barão de Pontal (Solar de Mariana) - Construída na segunda metade do século XVIII, para uso residencial e, mais tarde, usada como sede dos Correios e Telégrafos. A casa apresenta algumas particularidades que a destacam entre as mais notáveis edificações da época: dois pátios internos fechados, para iluminar, ventilar e facilitar a circulação; e as sacadas em pedra-sabão, em delicado rendado, consideradas únicas no gênero no Brasil e que conferem à edificação excepcional valor como exemplar da arte de ornamentação arquitetônica no período colonial mineiro.
Casa Capitular - Atual Museu Arquidiocesano de Arte Sacra. Obra do final do século XVIII, possui mobiliário raro e magníficas peças de arte sacra. O acervo, inaugurado em 1962, reúne as peças mais importantes encontradas nas igrejas, no seminário e no próprio Palácio Arquiepiscopal. É uma construção em alvenaria que se destaca pelo apuro construtivo e, ao mesmo tempo, pela excepcional elegância dos detalhes arquitetônicos e decorativos. Há detalhes de delicada inspiração rococó que é um dos melhores exemplares no gênero. A Fonte da Samaritana, também tombada, foi transferida para o museu, com outras obras de arte produzidas em Minas Gerais, nos séculos XVIII e XIX. Trata-se de uma peça excepcional de escultura, com trabalhos em baixo-relevo representando o episódio do Cristo e da Samaritana, com as características indiscutíveis da arte de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que são visíveis no planejamento e tratamento das mãos e cabelos de Cristo, assim como na atitude e posição da cabeça. A cena é enquadrada por uma moldura rococó irregular nos concheados, ricamente criativa.
Casa com Rótulas (Rua do Rosário) - É um dos raros exemplares remanescentes de casa urbana. O imóvel foi doado pelos seus proprietários à União, por escritura datada de 1947. Trata-se de um imóvel residencial, tendo como divisas o córrego Catavela de um lado, uma propriedade particular do outro e, aos fundos, o rio Piracicaba.
Casa de Câmara e Cadeia (Paço Municipal) - Atual Prefeitura Municipal de Mariana. Um dos exemplares mais curiosos da arquitetura colonial de Mariana, construída entre 1768 e 1798. Com as igrejas do Carmo e São Francisco, forma o belo conjunto arquitetônico da Praça João Pinheiro. Assemelha-se às muitas quintas nobres de Portugal, a exemplo das residências rurais em Vila Real. As composições arquitetônicas e maciças caracterizam-na como uma rica edificação.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo - Considerada a mais bela igreja de Mariana e um dos últimos belos exemplares do rococó em Minas Gerais. Corresponde à terceira modalidade do barroco mineiro. Em 1759, iniciou-se a construção de uma capela provisória e as obras da igreja definitiva foram iniciadas em 1784. O risco do retábulo-mor, de autoria do reverendo Félix Antônio Lisboa, meio-irmão do Aleijadinho, data de 1797, sabendo-se que a talha foi executada entre esta data e 1819, sendo o douramento realizado por Francisco Xavier Carneiro, discípulo de Manuel da Costa Athaíde, em 1826. É, também, de sua autoria a pintura do teto e o douramento dos altares laterais.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Localizada em Santa Rita Durão, (distrito de Mariana, a 40 km da sede urbana), sua construção data da segunda metade do século XVIII. Conserva as características do estilo sóbrio de 1720, cercada por muro baixo e precedida por pequeno adro e um mata-burros - ambos de pedra -, o que constitui uma composição típica de igrejas mineiras. Internamente, é valorizada pela presença intensa de elementos artísticos e decorativos. O altar colateral do lado do Evangelho é atribuído ao Aleijadinho. A pintura abrange todo o seu forro, que se estende da nave à capela-mor. Além dos painéis do forro, todos a têmpera, as colunas e os arcos são revestidos de tábuas pintadas.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos - A iniciativa da construção, por volta de 1752, coube às irmandades do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, confrarias de pretos que, anteriormente, tinham sua sede na chamada Capela do Rosário Velho, atual Santo Antônio. As obras de pintura e douramento do altar-mor foram executadas por Manuel da Costa Athaíde, em 1823. Trata-se de edificação representativa, pelas características do material utilizado, dos recursos construtivos adotados em Minas Gerais, em meados do século XVIII. Tanto no altar-mor como nos laterais, o ouro é parcimoniosamente distribuído, cedendo lugar à predominância do branco em toda a decoração, o que vem conferir suavidade ao conjunto. A pintura do teto da capela-mor, executada a têmpera, tem como tema central a Assunção da Virgem.
Igreja de Nossa Senhora das Mercês - Construída pela Irmandade de Nossa Senhora das Mercês, durante a segunda metade do século XVIII. As imagens são em madeira, decoradas em ouro, enquanto o altar consagrado a Nossa Senhora do Parto, também é uma obra rara, talhada em madeira e dourada. Destacam-se, no conjunto, as grades do coro e a balaustrada da nave, em madeira torneada, de jacarandá preto. Além das imagens de boa qualidade, a igreja conserva na sacristia painéis, objetos de cunho religioso, uma mesa artística que pertenceu ao frei Cipriano e poltronas em estilo Luís XV, que foram de D. Manuel da Cruz, primeiro bispo de Mariana.
Igreja da Sé (Igreja Catedral de Nossa Senhora da Assunção) - Antiga Matriz, é uma das mais ricas, importantes e antigas igrejas mineiras, construída a partir de 1713. Originou-se da primitiva capelinha da Conceição, fundada em 1703, pelo capitão Antônio Pereira Machado. Construção de pedra e cal, caracteriza-se exteriormente por seu aspecto sóbrio, conferido pelo barroco jesuítico. O interior encerra um dos mais ricos e significativos conjuntos de talha de Minas Gerais, revelando todas as etapas do barroco luso-brasileiro. A suntuosa decoração arquitetônica da capela-mor comprova o alto grau de refinamento atingido pelos arquitetos de Minas, em meados do século XVIII. A pintura dos forros da nave e capela-mor foi executada por Manuel Rabelo de Souza, em 1760. Merece referência especial o órgão doado por D. João V, no século XVIII, à Sé de Mariana. Com apenas um similar conhecido no mundo (instalado na Sé de Faro, em Portugal), o órgão é resultado de um meticuloso trabalho artesanal. Construído na Alemanha, no início do século XVIII, chegou a Mariana em 1752, sendo assentado na igreja por Manuel Francisco Lisboa, pai do Aleijadinho. Todo policromado, possui sete metros de altura por cinco metros de largura.
Igreja de São Francisco de Assis - Construída por iniciativa da Ordem Terceira de São Francisco, entre 1762 e 1794. Além do conhecido empreiteiro José Pereira Arouca, trabalharam na obra alguns notáveis artistas, como Manuel da Costa Athaíde, Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier Carneiro. Entre os trabalhos realizados por Athaíde, está o douramento do retábulo do altar-mor e do altar de Santa Izabel, e encarnação da imagem. Os trabalhos de douramento dos demais altares foram realizados entre fins do século XVIII e princípios do século XIX.
Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte - Construída em 1745, ali trabalhou José Pereira Arouca, contratado pela Rainha D. Maria I. Além de sua própria beleza, destaca-se pela notável localização paisagística, tendo, nas proximidades, interessante cruz patriarcal sobre escadaria de pedra. Internamente a edificação conserva, em quase todos os ambientes, os pisos originais em tabuado corrido, campas e forros em tabuado liso. O conjunto de talha dourada é composto por cinco retábulos e o arco-cruzeiro, destacando-se o altar-mor, não só pelas suas grandes proporções, mas também pela originalidade de sua decoração.
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição - Considerada uma das mais antigas de Minas, pertence ao grupo típico de matrizes mineiras de princípios do século XVIII. Erguida no alto de uma colina, apresenta adro cercado por murada de pedra e escadaria à frente que leva a um belo cruzeiro também de pedra, colocado em um ponto mais baixo, constituindo um conjunto original dentro da implantação urbana de Minas, desse século. O retábulo do altar-mor, ocupando todo o fundo do presbitério, apresenta decoração em talha, com muitas esculturas, elementos zoomorfos e fitomorfos e dossel estilizado, da primeira fase do barroco. Os altares colaterais também são trabalhados em talha e esculturas.
Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré - Construída durante a segunda metade do século XVIII, seu teto apresenta pintura de gosto rococó, em perspectiva ilusionista, convergindo para o painel central, onde se encontra representado o Milagre de Nazaré (a Virgem nos céus protegendo o cavaleiro Dom Fuas Roupinho, à beira do penhasco, enquanto o veado caçado voa para o abismo). Nos quatro cantos, em balcões, estão os quatro grandes doutores da Igreja. Esta pintura é atribuída a João Batista de Figueiredo, pintor dos mais conceituados em Minas Gerais, no século XVIII, e reconhecido, atualmente, como um dos mais importantes daquele período.
Igreja Matriz de São Caetano - Construída a partir de 1730, por iniciativa da Irmandade do Santíssimo Sacramento, suas obras e trabalhos de decoração se estenderam ao longo dos séculos XVIII e XIX. Destaca-se o fato de, em local de população tão pobre, ter sido construído um templo bem opulento, com seu interior ricamente decorado por talhas douradas, em cuja construção se empregaram artistas e artífices diversos de esmerada mão de obra. Contrastando com a exuberância da talha, a pintura é constituída por quatro painéis localizados nas paredes da capela-mor, atribuídos ao pintor D. Vicente José de Nicolta.
Capela de Nossa Senhora dos Anjos da Arquiconfraria de São Francisco (Igreja de São Francisco da Confraria) - Construída pela Arquiconfraria do Cordão de São Francisco, a partir de 1784. Estudos comparativos indicam que é possível que os artistas Romão de Abreu, José Antônio de Brito e Manuel da Costa Athaíde tenham participado das obras. Apresenta interior simples, com altares compostos de colunas retas, arcos, capitéis e rendilhado acompanhando o estilo das colunas. O altar-mor é composto por bela talha e abriga uma imagem antiga de Nossa Senhora dos Anjos. Nos nichos laterais estão imagens igualmente antigas de São Francisco e São Domingos, enquanto na sacristia, pintura a óleo de excelente qualidade retrata Nossa Senhora. Destaca-se o quadro bastante expressivo, pela concepção e execução artística, representando São Francisco na meditação e no êxtase, junto ao símbolo da Sagrada Paixão e Morte de Cristo. Nas laterais, há o cemitério onde estão enterrados os irmãos pertencentes à irmandade.
Passo da Ladeira do Rosário e o Passo da Ponte da Areia (Passo da Flagelação) - A construção dos chamados Passos da Paixão (ou oratórios) se deveu à Irmandade do Senhor dos Passos, criada em Mariana nos primórdios da povoação, antes mesmo da instituição da Vila do Ribeirão do Carmo, em 1711. Até 1743, o trajeto da Procissão dos Passos correspondia ao percurso entre a Igreja do Rosário Velho e a Igreja Matriz (atual Catedral). Ao longo deste itinerário, os primitivos passos se formaram pelas ruas em oratórios. Trata-se de uma pequena capela, de caráter popular, embutida em uma casa residencial de taipa, de dois pavimentos. O acesso ao Passo é feito por escada de cinco degraus.
Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE