Monumentos e Espaços Públicos Tombados - São João del Rei (MG)

Igreja de São Francisco de Assis - Construída em 1749, pela Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em substituição à primitiva capela, então em ruínas. Em 1774, foram contratados os serviços do mestre Francisco de Lima Cerqueira para executar a obra conforme o risco que lhe foi apresentado. A autoria do projeto original é de Antônio Francisco Lisboa (o Aleijadinho), comprovada pelo risco existente no Museu da Inconfidência de Ouro Preto.  A igreja possui um magnífico interior e merecem especial destaque o conjunto de talhas da capela-mor, os seis altares da nave e os púlpitos, dentre outros, apresentando nítida influência da escola de Aleijadinho. As intervenções do mestre incluem uma imagem de São João Evangelista, localizada na sacristia. 

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar (Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar) -  A Irmandade do Santíssimo Sacramento iniciou sua construção, em 1721, para substituir a primitiva Capela do Pilar, edificada no Morro da Forca e incendiada alguns anos antes, durante a Guerra dos Emboabas. Em 1732, vieram de Portugal ouro em folha, gesso, óleos e tintas destinadas à capela-mor, além dos dois painéis a Mesa do Senhor e O Senhor na Casa do Fariseu. O edifício é todo construído em alvenaria de pedra, dentro da linha neoclássica. Internamente, a nave é composta por magnífico conjunto de talha pintada e dourada, e seis altares constituídos por rica talha barroca. 

O forro da nave é cercado por ornamentação barroca em concheados e enrolamentos, onde se vê a representação da Virgem com o Menino, ambos coroados, envoltos por nuvens e querubins. A capela-mor é o ponto alto da igreja com decoração esculpida e dourada de grande riqueza. As paredes laterais são constituídas por duas grandes telas, vindas de Portugal em 1732, representando A Última Ceia e Jesus em Casa de Simão. Trata-se de obras de caráter erudito, executadas dentro do espírito barroco, com ricas molduras douradas e ladeadas por pilastras esculpidas, de onde saem figuras de anjos alados. 
 
Igreja Nossa Senhora do Carmo (Igreja do Carmo) - Construída pela Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, entre 1732 e 1759, os trabalhos de acabamento e ornamentação se estenderam até o início do século XIX. As obras de pintura do forro da capela-mor foram ajustadas em 1759, com o mestre Estevão de Andrade Silva, e as do forro do corpo com o mestre Braz da Costa. O entalhador Manuel Roiz Coelho arrematou as obras do retábulo, camarins, trono e púlpitos, entre 1768 e 1773. O mestre Francisco de Lima Cerqueira executou obras que se estenderam até 1816. 

Passos (Ruas Duque de Caxias e Getúlio Vargas) - Os Passos da Paixão fazem parte das liturgias, por ocasião das manifestações religiosas, sendo percorridos pelas procissões. Foram edificados pela Irmandade de Bom Jesus dos Passos, no final do século XVIII, e  como a maioria dos Passos mineiros, em geral são pequenas capelas fechadas por portas, encimadas por cruz, abertas apenas na ocasião oportuna. Especialmente requintada em São João del Rei é a festa da Irmandade dos Passos, iniciada na primeira sexta-feira da Quaresma, na Semana Santa, quando começam as vias sacras de rua. A procissão é acompanhada por conjuntos vocais com instrumentos de corda e sopro, e cada Passo tem o seu "moleto " especial de autoria de compositor local e tocado apenas naquela ocasião. Essas cerimônias sacras são mantidas em cerimonial de tradição secular. 

Museu Regional de São João del Rei - O comerciante João Antônio da Silva Mourão (1806-1866) construiu o prédio onde se aloja o Museu, imponente edificação, situada à margem do córrego do Lenheiro. Ocupa uma extensa área e se sobressai perante o casario ao redor, e apresenta uma construção de acordo com a tradição colonial, com elementos classicizantes apenas na decoração da fachada. As obras foram concluídas em 1859 e Silva Mourão  instalou sua família nos segundo e terceiro pavimentos, enquanto a sua loja de secos e molhados funcionava no primeiro pavimento. 

O Museu apresenta uma exposição de peças que fornecem testemunhos significativos de aspectos da vida mineira nos séculos XVIII e XIX: móveis, imagens religiosas, oratórios, pinturas, equipamentos de trabalho (roca, batedeira, tear, formão, arado e balança de pesar ouro), tipos de transporte (liteira, cadeirinha de arruar), e o órgão (que relembra uma produção musical ainda executada nas igrejas). No acervo, também estão documentos cartoriais dos séculos XVIII e XIX, pertencentes à antiga Comarca do Rio das Mortes, fundamentais para o conhecimento da história mineira. 

Complexo Ferroviário - Atual Museu Ferroviário, integrava a antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, criada em 1872. Seu percurso ligava a cidade de Sítio (atual Antônio Carlos) à Estrada de Ferro D. Pedro II (posteriormente, Central do Brasil), partindo daí para São João del Rei. Com novas concessões, a ferrovia Oeste de Minas se estendeu a outras cidades e ramais, até Oliveira e Paraopeba, alcançando, em 1894, um percurso total de 684 km. A Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas foi considerada a primeira ferrovia de pequeno porte no Brasil. A inauguração do trecho Sítio - São João del Rei ocorreu em 1881 e contou com a presença do Imperador D. Pedro II que percorreu as estações de Barroso, São José e Tiradentes. Inicialmente, a Companhia compunha-se de quatro locomotivas, produzidas pela Baldwin Locomotive Works-Philadelphia, empresa norte-americana. O restante do material foi construído nas oficinas da Estrada de Ferro D. Pedro II (Central do Brasil), no Rio de Janeiro. 

O complexo inclui os prédios das estações de São João del Rei e de Tiradentes, e o prédio do Museu Ferroviário (antigo armazém de carga da ferrovia). Entre as relíquias, estão a locomotiva de número 1, que transportou D. Pedro II e sua comitiva durante a inauguração da ferrovia, em 1881.  A rotunda (depósito de locomotivas de forma circular ou semicircular), também integra o complexo onde está o "girador de locomotivas", as linhas e valas de inspeção e alguns pedestais de pedra, diversas locomotivas e vagões, a oficina de manutenção inaugurada em 1822, máquinas centenárias de fabricação inglesa, e os prédios do almoxarifado e armazém. Entre as máquinas e vagões, estão 15 locomotivas - a maioria de fabricação norte-americana. 

Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE

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