Monumentos e Espaços Públicos Tombados - Tiradentes (MG)

Capela de São Francisco de Paula, Capela da Santíssima Trindade (datada do início do século XIX, em seu acervo se destaca a belíssima e rara imagem do Pai Eterno com Cristo crucificado, e as imagens de Nossa Senhora das Dores e São José), Capela de São João Evangelista, Capela do Senhor Bom Jesus da Pobreza, e o Chafariz de São José (considerado um dos mais belos remanescentes de construções públicas setecentistas do Estado), entre outros.

Casa do Inconfidente Padre Toledo - Atual Museu do Padre Toledo, vinculado à Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade. Construída na segunda metade do século XVIII, foi a residência do padre Carlos Correia de Toledo e Melo, vigário da Freguesia de Santo Antônio de São José del Rei, que teve atuação de destaque na Inconfidência Mineira. Segundo tradição oral, os inconfidentes ali se reuniam e no local existiria um túnel secreto (cuja saída estaria marcada por retângulo de tijolos no assoalho de madeira de um dos corredores), por onde poderiam fugir os conspiradores, burlando a fiscalização dos Dragões do Rei, que vigiavam a cidade. 

O grande solar é um casarão de um só pavimento, com 18 salas, incluindo os corredores e o salão superior. Considerada uma das melhores casas da época, onde os tetos foram decorados em estilo rococó, com temas mitológicos ao gosto dos poetas árcades* mineiros que participaram da Inconfidência.  Em 1971, a casa foi entregue pela Câmara Municipal de Tiradentes à Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade, para instalação do Museu, com acervo composto de mobiliário, esculturas e pinturas, recolhido no Museu da Inconfidência, Museu Regional de São João del Rei, e Casa da Baronesa (Ouro Preto), além de peças doadas por particulares.

Capela de Nossa Senhora das Mercês - A Irmandade de Nossa Senhora das Mercês dos Pretos Crioulos foi instituída em 1756. Em 1807, a capela estava parcialmente construída com altar de talha moderna, pintado e dourado. As pinturas do forro, retábulo, arco-cruzeiro são de autoria do artista Manoel Victor de Jesus. A pintura do óculo, executada entre 1829 e 1830, é de autoria do pintor Jerônimo José de Vasconcelos. Os púlpitos foram executados por Joaquim Moreira da Silva, por volta de 1824, e pintados, em 1845, por Severino de Almeida Souza. 

O interior possui o rico altar-mor, de gosto rococó, policromado e dourado por Victor de Jesus, com decoração em rocailles, flores e marmoreados de cores fortes, entre outros elementos. O arco-cruzeiro é coberto de talha dourada e policromada, e complementam a decoração uma bonita balaustrada de jacarandá torneado, dois púlpitos policromados e coro com balaustrada torneada. Suas belas pinturas, ao gosto rococó, cobrem os forros da nave e capela-mor, onde está a pintura que representa cenas da Ladainha da Virgem e de Nossa Senhora das Mercês. A capela possui imagens e peças em talha rococó, e algumas peças de prata dos séculos XVIII e XIX.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Erguida entre 1740 e 1770, em alvenaria de pedra, com as esquadrias de cantaria lavrada em arenito amarelado, de execução erudita. Todas as portas e janelas são compostas por vergas retas, típicas em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII. A portada, de verga reta, possui decoração em frisos curvos e tarja de gosto barroco, encimada por nicho com a imagem de São Benedito. Internamente, a decoração conta com o retábulo do altar-mor, do século XVIII, com decoração de gosto rococó, dourado e policromado. A pintura do forro da capela-mor, de autoria não identificada, representa a Virgem entre São Francisco e São Domingos, em tarja composta por trama arquitetônica em perspectiva barroca, embora com decoração ao gosto rococó. 

O forro da nave apresenta 18 painéis que representam os mistérios do calvário e três invocações da ladainha da Virgem, em pintura de Manoel Victor de Jesus, datada do inicio do século XIX. Destaca-se pela riqueza de seu interior, especialmente a pintura dos forros apainelados, as capelas de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Mercês, e também a de São João Evangelista, que reúne na talha da capela-mor elementos de gosto oriental, barroco e rococó. As demais capelas, ainda que apresentem interiores mais singelos, constituem, igualmente, interessantes exemplos de arquitetura religiosa colonial mineira. 

Igreja Matriz de Santo Antônio -  É considerada uma das obras-primas da arquitetura barroca em Minas Gerais, especialmente pela sua extraordinária decoração interior. Construída dentro dos padrões das grandes matrizes de Minas Gerais possui riquíssima ornamentação da nave e da capela-mor, e das diversas sacristias ricamente decoradas, além da excepcional composição do coro e belíssima decoração do órgão. Inicialmente, existiu uma pequena capela dedicada a Santo Antônio que se tornou a primeira freguesia da Comarca do Rio das Mortes. Em 1710, foi criada a Irmandade do Santíssimo Sacramento e, ainda em fins do século XVIII, ocorrerem obras de remodelação da fachada ou reparos. Entre 1807 e 1810, a Irmandade demoliu a frontaria e reconstruiu outra ao gosto rococó, tendo para tal encomendado o projeto ao Aleijadinho. A Matriz de Santo Antônio é, certamente, uma das obras-primas da arquitetura barroca em Minas Gerais, especialmente pela sua extraordinária decoração interior. 

Situada em local elevado da cidade, possui frontispício largo, destacando-se a portada, de autoria do Aleijadinho e as duas janelas laterais do coro têm peitoris fechados, com balaustradas barrocas e cercaduras em pedra-sabão com cimalhas movimentadas e ornamentadas. A decoração das ilhargas da capela-mor, arco cruzeiro (ambos de 1750), tarja e, por analogia, o retábulo do altar-mor (1736) são de autoria do entalhador, provavelmente português, João Ferreira Sampaio. 

Trata-se de esplendoroso conjunto homogêneo de talha, no melhor do estilo D. João V, comparável às igrejas de Santa Clara e São Francisco do Porto (Portugal). Do mesmo período, cerca de 1740, data a obra monumental do coro, tendo nele trabalhado Pedro Monteiro de Souza. Os forros da capela-mor e da nave podem ser atribuídos a Antônio Caldas que ajustou a obra de douramento e pintura da igreja, entre 1750 e 1752. O assoalho em campas, em óleo bálsamo, foi feito, em 1774, por Manoel José de Oliveira, mantendo-se ainda conforme o original, exceto a parte sob o coro. A bela balaustrada entalhada em jacarandá, ao gosto rococó é atribuída ao artista Salvador de Oliveira. 

Destacam-se, ainda, o órgão (confeccionado na cidade do Porto, em Portugal, e instalado em 1788), o relógio da torre (instalado no mesmo ano e ainda em funcionamento, foi encomendado também nos subúrbios do Valongo, da mesma cidade), e o relógio de sol em pedra-sabão (feito em 1785, por Leandro Gonçalves Chaves, atualmente é um dos ícones mais famosos da cidade). Complementa a decoração da igreja, o conjunto de sete lâmpadas de prata e os castiçais do altar-mor ao gosto rococó, feitos no Rio de Janeiro, entre 1740 e 1770, além da rica coleção de objetos litúrgicos, em prata, do Rei de Lisboa. 

*Os bandeirantes paulistas, responsáveis pelas primeiras descobertas de ouro em Minas Gerais,lutaram contra a participação de portugueses e outros estrangeiros (denominados emboabas) na exploração das minas, na região. A Guerra dos Emboabas ocorreu entre 1708 e 1709.

*Os poetas árcades mineiros participaram do Arcadismo - movimento literário e político europeu, que surgiu a partir de 1768, no Brasil -, com a publicação do livro Obras, de Cláudio Manuel da Costa, um dos inconfidentes. 

Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE

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