História - Petrópolis (RJ)

A Serra da Estrela, onde se encontra Petrópolis, era praticamente desconhecida pelos portugueses nos primeiros 200 anos de colonização, salvo por alguma expedição exploratória para tomar posse de sesmarias*. Para chegar ao local onde surgiu a cidade, era necessário vencer o enorme paredão montanhoso de mais de 1000 metros de altura, além de enfrentar os índios Coroados que habitavam a região.  Somente quando os bandeirantes paulistas descobriram ouro em Minas Gerais, foi aberto o Caminho Novo (início do século XVIII), para facilitar a viagem até às vilas mineradoras. 

O caminho era novo porque havia o outro caminho aberto pelos próprios bandeirantes, usado desde meados do século XVII, muito longo, de difícil trânsito, formado por trilhas e picadas até às minas de ouro. Quando Petrópolis foi fundada, 130 anos depois, havia um grande número de fazendas e alguma atividade industrial entre a Baía da Guanabara e Vila Rica (Minas Gerais), conforme descreve o Barão de Langsdorff, no primeiro volume de seus diários, escritos durante expedição realizada entre 1822 e 1829, ao interior do Brasil. 

A fundação da cidade de Petrópolis está intimamente ligada ao imperador D. Pedro I e ao padre Correia. Desde que o imperador pernoitou na fazenda do padre, de passagem pelo Caminho do Ouro que o levaria a Minas Gerais, encantou-se com a exuberância da natureza e amenidade do clima, e manifestou o desejo de adquirir a propriedade para seu uso e, em especial, para o tratamento de sua filha, a princesa Dona Paula Mariana, de cinco anos, sempre muito doente e que se recuperou bem quando lá esteve. 

D. Pedro I adquiriu algumas propriedades na região, onde pretendia construir um Palácio de Verão, no alto da serra. Entretanto, o projeto não foi adiante devido à sua abdicação ao trono, o retorno a Portugal, e a morte de seu pai, em 1834. D. Pedro II herdou essas terras, que passaram por vários arrendamentos até que Paulo Barbosa da Silva, mordomo da Casa Imperial, retomou os planos de Pedro I. 

O mordomo havia mandado o engenheiro alemão Júlio Frederico Köeler construir a Estrada Normal da Serra da Estrela para tornar possível o acesso de carruagens à Fazenda do Córrego Seco, uma vez que o Caminho Novo era apenas para tropas de mulas. Paulo Barbosa e Köeler elaboraram um plano para fundar o que ele denominou Povoação-Palácio de Petrópolis, com a doação de terras da Fazenda Imperial aos colonos livres que iriam não só levantar a nova povoação, mas, também, seriam produtores agrícolas.
 
Assim nasceu Petrópolis, planejada para substituir o trabalho escravo pelo trabalho livre.  Em março de 1843, o imperador (então com 18 anos) assinou o Decreto Imperial nº 155 que arrendava as terras da Fazenda do Córrego Seco ao major Köeler para a fundação da Povoação-Palácio de Petrópolis, incluindo as seguintes exigências: criação do projeto e construção do Palácio Imperial; urbanização de uma Vila Imperial com quarteirões imperiais; edificação de uma igreja em louvor a São Pedro de Alcântara; construção de um cemitério; cobrança de foros imperiais dos colonos moradores; e expulsão de terceiros das terras ocupadas ilegalmente.

Na primeira metade dos anos 1800, começaram a chegar os imigrantes alemães e, depois destes, vieram imigrantes de outras nacionalidades, que incrementaram diversas atividades econômicas, principalmente as fábricas caseiras de alimentos e conservas. O povoado surgiu em 1845, subordinado a São José do Rio Preto e um ano depois, foi criada a Paróquia de São Pedro de Alcântara, vinculada à Vila da Estrela. Vila criada com a denominação de São Pedro de Alcântara de Petrópolis, em 1846, e elevada à condição de cidade com o nome de Petrópolis, em 1857. Entre 1894 e 1902, tornou-se capital do Estado do Rio de Janeiro. 

Os imigrantes alemães tiveram participação fundamental na construção da primeira estrada de ferro brasileira, inaugurada pelo Barão de Mauá, em 1854, ligando o Porto de Mauá à Raiz da Serra, que facilitou o acesso a Petrópolis. Quanto às estradas de rodagem, a Estrada União Indústria - inaugurada em 1861, ligando Petrópolis a Juiz de Fora (MG) - também foi a primeira construída no Brasil. Em 1928, novamente a cidade destacou-se como pioneira ao receber a primeira rodovia brasileira asfaltada - a Washington Luiz -, ligando-a ao Rio de Janeiro.

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