Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde - Cachoeira (BA)
O tombamento do Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde, no município de Cachoeira (BA), abrange todo o sitio natural e os elementos edificados, além de árvores referenciais dos ritos Jeje (como as Casas de Hospedagem), Oiá (altar), Peji (cerimonial - com salão, ronco e cozinha sagrada), Casa dos Antepassados, Fonte de Oxum, além de poço, ponte e instalações sanitárias. As árvores sagradas existentes no local são Nana, Tiriri, Ogum Eroquê, Avequité, Zogbo, Bessém, Ogum, Ajuzum, Lokó, Badé, Aqué e Parara. Também fazem parte do conjunto o Riacho Caquende – Odé e as margens Aziri e Avinagé.
Os estudos e avaliações realizadas por técnicos do Iphan resultaram em pareceres favoráveis ao tombamento que ressaltaram a importância da Roça do Ventura como bem cultural significativo para a história religiosa do Brasil. Os tombamentos e outras ações que envolvem a cultura afro-brasileira reafirmam a postura do Iphan na mudança de conceito sobre o que é patrimônio cultural, incluindo todas as manifestações que contribuíram para a formação da sociedade brasileira, ao longo dos séculos.
A importância e simbologia da Roça do Ventura no contexto da tradição Jeje para a história do Candomblé no Brasil é amplamente destacada em vários estudos antropológicos e sociológicos que tratam da questão religiosa e no país. Entre esses trabalhos estão Brancos e Pretos na Bahia (Estudo de contacto racial), de Donald Pierson (escrito em Salvador entre 1935-1937) e A Formação do Candomblé: História e Ritual da Nação Jeje na Bahia, de Luis Nicolau Pares, de 2006.
A ocupação da Roça do Ventura teve início em 1858. O Terreiro Zogbodo é responsável pela preservação de umas das tradições religiosas de matriz africana, da liturgia do Candomblé de nação Jeje-Mahi originária dos cultos às divindades chamadas Vodum. Possui fundamental importância na conformação da rede de terreiros do Recôncavo Baiano e, sobretudo, na formação histórica do Candomblé como uma instituição religiosa.
