Terreiro Casa Branca do Engenho Velho - Salvador (BA)
Primeiro terreiro tombado pelo Iphan, o Terreiro Casa Branca do Engenho Velho, localizado em Salvador (BA), foi reconhecido como Patrimônio Cultural Brasileiro e inscrito nos livros do Tombo Histórico e Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, em 1984. O tombamento inclui uma área de 6.800 metros quadrados (m2) com edificações, árvores e seus principais objetos sagrados. Segundo a tradição oral, por volta da primeira metade do século XIX, três africanas da nação Nagô fundaram um terreiro de Candomblé em uma roça nos fundos da Igreja da Barroquinha, em pleno centro da cidade.
Os levantes de negros ocorridos nesse período desencadearam uma forte repressão, fazendo com que as manifestações religiosas fossem perseguidas. Diante desses fatos, a comunidade da Casa Branca transferiu o terreiro para o Engenho Velho, um subúrbio da cidade. O Casa Branca é um exemplar típico do modelo básico jeje-nagô, sendo o centro de culto religioso negro mais antigo de que se tem notícia da Bahia e do Brasil, considerado com a matriz da nação Nagô. É possível ligar suas origens à Casa Imperial dos Ioruba, representando um monumento onde sobrevive riquíssima tradição de Oió e de Ketu, testemunho da história de um povo.
Situado em terreno com declive, o terreiro possui uma edificação principal (a Casa Branca) que domina todo o sítio e centraliza o culto, com as diversas Casas de Santo (Ilê Orixá) distribuídas à sua volta, em meio à vegetação ritual ( o Mato) com imensas árvores sagradas e outros assentamentos, além das habitações da comunidade local. Esta espacialidade não pode ser entendida separadamente dos ritos que aí se desenvolvem e, apesar de todas as mutilações e transformações sofridas pelo Terreiro ao longo do tempo, não foram descaracterizados, devido ao forte apego da comunidade às tradições. O simbolismo dos elementos componentes do conjunto e as características do culto devem determinar as diretrizes de sua preservação.