Cais do Valongo - da Construção à Proibição do Tráfico

O Cais do Valongo foi construído, em 1811, pela Intendência Geral de Polícia da Corte do Rio de Janeiro. O objetivo era retirar da Rua Direita, atual Rua Primeiro de Março, o desembarque e comércio de africanos escravizados que eram levados para as plantações de café, fumo e açúcar do interior do Estado e de outras regiões do Brasil. Os que ficavam na capital, geralmente eram os escravos domésticos ou aqueles usados como força de trabalho nas obras públicas. 

Em 1831, o Valongo foi fechado quando o tráfico transatlântico foi proibido por pressão da Inglaterra. A norma - solenemente ignorada - recebeu a denominação irônica de “lei para inglês ver”. Entre a construção do Cais e a proibição do tráfico, nesse local, desembarcaram entre 500 mil e um milhão de escravos de diversas nações africanas. Ao longo dos anos, o Cais sofreu sucessivas transformações. Na primeira intervenção, em 1843, foi remodelado com requinte para receber a Princesa das Duas Sicílias, Teresa Cristina Maria de Bourbon, noiva do (então) futuro Imperador D. Pedro II, e passou a se chamar Cais da Imperatriz.

Com a assinatura da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, o tráfico para o Brasil foi suspenso, embora a última remessa conhecida date de 1872 e a escravidão tenha persistido até a Abolição, em 1888. Em 1911, com as reformas urbanísticas da cidade, o Cais da Imperatriz foi aterrado. No entanto, em 2011, durante as obras do Porto Maravilha e as escavações realizadas no local, foram encontrados milhares de objetos (partes de calçados, botões feitos com ossos, colares, amuletos, anéis e pulseiras em piaçava de extrema delicadeza, jogos de búzios) e peças usadas em rituais religiosos. Entre os achados raros, há uma caixinha de joias, esculpida em antimônio, com desenhos de uma caravela e de figuras geométricas na tampa. 

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