Minas de Ouro e Diamantes - Diamantina (MG)

A descoberta das minas de ouro no Brasil, no final do século XVII, promoveu a formação de uma rede de aglomerados urbanos inédita na América Portuguesa. Diamantina surgiu neste contexto, no início do século XVIII. Embora sua formação tenha ocorrido em função da exploração do ouro, o crescimento e consolidação decorreu da descoberta de diamantes na região, em 1720. Criou-se, então, uma ordem administrativa especial para o território, estabelecida com a Demarcação Diamantina, em 1731, que incluía o antigo Arraial do Tijuco e outros arraiais de extração.

A organização administrativa foi instalada em 1734, com a criação da Intendência dos Diamantes, que controlava a forma de extração e comercialização do diamante. Inicialmente, isso se deu por meio de contrato, quando a exploração era monopólio particular. O sistema foi substituído pela instalação da Real Extração do Diamante, entre 1771 e 1845. Devido ao papel que desenvolveu na região, o Tijuco (como Diamantina era conhecida), foi elevado de vila à cidade, em 1838. Diamantina foi o maior centro de extração de diamantes do mundo no século XVIII, condição que se refletiu na evolução da cidade, desfavorecendo a formação de um espaço urbano arquitetônico na forma de uma praça representativa do poder político e religioso, como era então regra geral.

Em 1845, o arrendamento das jazidas tornou-se livre, mas sob a fiscalização da Inspetoria dos Terrenos Diamantinos, extinta por sua vez em 1906. Nesse período foram instaladas as primeiras companhias estrangeiras de mineração mecanizada, além de serviços de lapidação. Mas, em meados do século XIX, a atividade de produção de diamantes decaiu com o descobrimento de jazidas abundantes e de melhor qualidade na África do Sul.

No final do século XIX, a instalação de manufaturas têxteis criou o conjunto de Biribiri - um assentamento industrial idílico com paisagem rural de forte apelo cenográfico - que passa a representar parcela significativa da economia local. Em 1914, com a construção do ramal de Diamantina, da Estrada de Ferro Central do Brasil (desativada em 1973), a cidade consolidou o seu papel de centro econômico e de circulação para toda a região.

As igrejas mais antigas, Santo Antônio e Rosário, com a Casa da Intendência e a Casa do Contrato, estruturaram o sítio urbano. As igrejas do Amparo, de São Francisco, Bonfim e Mercês consolidaram a cidade dos diamantes, onde reinou a mítica Chica da Silva, escrava e amante do todo poderoso contratador João Fernandes de Oliveira. O contratador construiu para ela o sobrado que recebeu o seu nome e delimita dois dos principais caminhos da cidade setecentista – a Rua Direita e a Rua do Contrato.

No século XIX, o Colégio da Glória, a Igreja da Luz e a Santa Casa da Caridade estruturraam os espaços periféricos e, no século XX, a ferrovia definiu o novo eixo de expansão, que atingiu a parte alta da colina onde está a cidade. Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil de 1955 a 1960, natural de Diamantina, inaugurou o Modernismo na cidade, nos anos 1950, pelos projetos de Oscar Niemeyer – clube, escola e hotel – que qualificaram espaços estruturados anteriormente. O território viveu, ao longo dos séculos, um contínuo processo de transformação caracterizado pelo nascimento e desaparecimento de pequenos arraiais, ao sabor do descobrimento e esgotamento das jazidas de diamantes.

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