Peregrinação Religiosa
A construção do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos foi iniciada em 1757, em agradecimento pela cura de uma doença grave enfrentada pelo emigrante português Feliciano Mendes, que escolheu como padroeiro o Bom Jesus de Matozinhos - o Cristo crucificado - venerado na localidade de Matozinhos, próxima à cidade do Porto, no norte de Portugal. Os trabalhos foram financiados pelas esmolas recolhidas por Feliciano com essa finalidade e, mais tarde, por seus sucessores na administração da nova devoção constituída em Confraria.
Quando o fundador faleceu, em 1765, oito anos após o início dos trabalhos, a igreja já podia ser usada para o culto com três de seus altares instalados: o altar-mor com a imagem de Cristo na cruz importada de Portugal e os dois altares laterais consagrados a Santo Antônio e a São Francisco de Paula. A edificação foi concluída em 1772 e, até o presente, atrai multidões por ser um local de peregrinação religiosa, cujo testemunho maior é a fabulosa coleção de ex-votos, abrigados na Sala dos Milagres.
A Igreja do Bom Jesus de Congonhas representa um momento de transição na evolução que se processa na arquitetura religiosa da região mineradora, em meados do século XVIII. Sua planta apresenta torres situadas ligeiramente em recuo em relação ao frontispício e ultrapassando a nave central devido à supressão dos corredores laterais tradicionais nessa parte da edificação. Todavia, o conjunto permanece ainda submetido à rígida linha que caracteriza as construções religiosas da região durante a metade do século, antes da introdução dos planos curvilíneos inspirados no estilo de Barromini.
A portada realizada um pouco mais tarde inclui elementos de rocalha inexistentes no frontão. Ela segue o padrão habitual das portadas ornamentadas em esteatita, típica da região de mineração na época do rococó. A composição está ordenada em torno do brasão com as cinco chagas e os três cravos da crucificação - emblema do patrono do templo. A ornamentação interna da igreja, inteiramente em estilo rococó, é uma das mais notáveis de toda a região mineradora. As talhas e pinturas de primeira ordem se unem em uma síntese harmoniosa e fazem do interior dessa igreja, onde os dourados se destacam sobre os tons suaves do azul, do verde e do rosa, uma verdadeira sinfonia de luz e de cor. O estilo dessa igreja, típico da região mineradora, pode ser considerado como uma das marcas mais originais do rococó do Brasil.