Edição 2012
Nesta edição, 224 ações de todo o país candidataram-se ao Prêmio. As comissões regionais pré-selecionaram 70 trabalhos, que foram analisados pela Comissão Nacional de Avaliação. As ações vencedoras foram as seguintes:
Promoção e Comunicação
Hélènemarie Dias Fernandes, do Mato Grosso do Sul, pelo projeto Deus te Salve João Batista! Uma contribuição sobre o banho de São João de Corumbá, que retrata as comunidades festeiras em um livro composto por um DVD multimídia e um site. O Banho de São João, conhecido com esse nome somente na cidade de Corumbá, tem o ápice em banhar o santo nas águas do Rio Paraguai. Com princípios religiosos, o ritual popular tem conotações de divertimento, mas também é um espaço para o pagamento de promessas ou de agradecimento ao santo de devoção popular (São João Batista, no catolicismo, e Xangô, na umbanda ou no candomblé). Uma equipe multidisciplinar passou dois anos visitando 80 comunidades, mapeando a festa. Nesse período, além de suas próprias fotografias, o grupo reuniu fotos familiares e depoimentos em vídeo dos festeiros da tradição popular.
Educação Patrimonial
Instituto de Arte e Cultura (IACC), Escola de Artes e Ofícios do Ceará e Thomaz Pompeu Sobrinho pelo projeto Patrimônio Para Todos – Uma aventura através das memórias, que estimula jovens a buscarem, no local onde residem, referências culturais mais significativas. Desde 2009, a ação passou por várias comunidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com oficinas que identificam e divulgam a diversidade do patrimônio cultural do estado. Depois de aulas teóricas sobre leis e salvaguardas da área, os participantes vão a campo para identificar e fotografar a cultura que lhes pertence. As conclusões dos jovens, seja em forma de vídeo, fotos e textos são postadas no blog Patrimônio para Todos (patrimonioparatodos.wordpress.com).
Pesquisa e Inventário de Acervos
Centro de Memória da Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA) pelo projeto Belém dos Imigrantes, que além de apresentar a cidade marcada por traços estrangeiros, possibilita o debate a respeito das diferenças culturais, combatendo as práticas discriminatórias. A iniciativa retrata a história de Belém no século XIX e início do século XX, com nomes, procedências, idades de estrangeiros obtidos a partir de inventários post mortem, de registros de casamento civil e de processos criminais. Esse material foi obtido através de um convênio entre a UFPA e o Tribunal de Justiça do Estado, que permitiu a criação do Centro de Memória da Amazônia. Depois de receber o tratamento adequado para seu acondicionamento, a população passou a ter acesso ao acervo por meio de publicações, exposições e site.
Preservação de Bens Móveis
Associação dos Amigos de Areia (AMAR), da Paraíba, pela Oficina de Salvaguarda e Restauração: Areia e seus Museus, que capacita jovens da pequena cidade de 20 mil habitantes para a salvaguarda e restauração de bens. A ideia inicial era restaurar a caixa de pincéis do artista plástico Pedro Américo (nascido em Areia, em 1843, e autor de importantes obras como O Grito do Ipiranga, 1888, e Tiradentes esquartejado, 1893). A proposta foi tão boa que, além da restauração, desenvolveu nos participantes o sentimento de pertencimento com o patrimônio cultural. Além disso, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) acolheu a proposta da AMAR e assumiu a restauração de todo o acervo pertencente ao pintor areiense.
Preservação de Bens Imóveis
Oficina de Moisacos Ltda., de São Paulo, pelo restauro do painel em mosaico Alegoria das Artes, da fachada do Teatro Cultura Artística, de autoria de Emiliano Di Cavalcanti e S.A. Decorações Edis. Em 2008, um incêndio destruiu o teatro, mas não consumiu o painel, uma peça significativa do movimento modernista brasileiro que começou a ser restaurada em 2010. O reparo manteve a coesão entre as camadas do mosaico, garantindo a durabilidade do trabalho. O desafio passou pela busca de técnicas de restauros inovadoras até a remontagem de toda a obra, peça por peça.
Proteção do Patrimônio Natural e Arqueológico
Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa) pelo desenvolvimento do projeto Arqueologia e Socialização na Implantação de um Centro de Pesquisa no Amapá, através de seu Núcleo de Pesquisa Arqueológica. Em sete anos de atuação, com um trabalho voltado à ampliação do acesso da população e à promoção de boas práticas para proteção e conservação desse acervo, o centro conseguiu transformar a realidade local, ampliando o conhecimento arqueológico, fortalecendo a formação de pessoal e aproximando a sociedade do patrimônio arqueológico. Atualmente, no Estado do Amapá, o interesse pela arqueologia atinge setores da administração pública, da iniciativa privada e da sociedade civil.
Salvaguarda de Bens de Natureza Imaterial
Daniel de Lima Magalhães, de Minas Gerais, pelo projeto Flautas Tradicionais do Vale do Jequitinhonha. A ação foi desenvolvida através de pesquisa, registro e divulgação das tradições musicais ligadas a dois tipos de flautas - o pífano e a gaita. As primeiras pesquisas começaram com registro e divulgação das tradições musicais. A partir de 2006, Daniel Magalhães partiu para o campo, percorrendo 26 municípios mineiros para conseguir 100 horas de gravações de performances musicais e entrevistas e seis mil fotografias, além de realizar oficinas. O resultado foi a progressiva adoção do pífano e da gaita como instrumentos musicalizadores nas escolas, o reconhecimento e valorização do patrimônio cultural imaterial, a manutenção de grupos em atividade e a retomada espontânea de grupos inativos.
Confira a revista com mais informações sobre a edição 2012.