Edição 2011
Nesta edição, 230 ações de todo o país candidataram-se ao Prêmio. As comissões regionais pré-selecionaram 81 trabalhos, que foram analisados pela Comissão Nacional de Avaliação. As ações foram as seguintes:
Promoção e comunicação
Maracá Produções Artísticas e Culturais, de São Paulo, pelo projeto Turista Aprendiz, iniciativa promovida pelo grupo musical A Barca que, entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2005, viajou por nove estados (Pará, Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco , Alagoas, Bahia, Minas Gerais e São Paulo) contratando artistas locais para a realização de shows e oficinas. Foram visitadas 26 localidades, desde quilombos e aldeias indígenas até periferias das grandes capitais, incluindo pequenas cidades ribeirinhas, litorâneas e sertanejas. Além de movimentar a cultura local, o projeto registrou cerca de 40 comunidades e artistas de tradição popular, reunindo um imenso acervo que inclui 400 horas de áudio e vídeo e oito mil fotos. Todo esse acervo foi duplicado e devolvido aos grupos em CDs, DVDs e fotos.
Educação patrimonial
Espaço Cultural Vila Esperança, de Goiás, pelo Ojó Odê e Afoxé Ayó Delê: vivências afro-brasileiras, trabalho educativo, cultural e artístico focado na valorização das origens do povo brasileiro. O projeto divulga valores constitutivos dos antepassados africanos, estimulando a apropriação por parte dos seus participantes e de seus direitos de cidadania, como o de professar as religiões ancestrais de matriz africana, seu patrimônio estético e religioso. A música, a dança, a comida e o compartilhamento dos saberes proporcionam o encontro entre as pessoas, que passam a se sentir agentes culturais de sua própria identidade.
Pesquisa e inventário de acervos
Fábio Domingos Batista, de Curitiba (PR), pelo Inventário da Arquitetura Residencial em Madeira, projeto que faz um levantamento sobre as residências erguidas entre o final do século XIX e a década de 1970. Esse tipo de unidade continua presente nas paisagens urbanas e rurais do Sul do Brasil. O inventário é dividido em três publicações: A casa de Araucária (de Key Imaguire e Marialba Rocha Gaspar Imaguire), A casa de madeira, um saber popular (de Fábio Domingos Batista) e A tectônica e a poética das casas de tábuas, de Andréa Berriel. Eles são o resultado da revisão de pesquisas acadêmicas e de pesquisa histórica bibliográfica do levantamento de campo e arquitetônico.
Preservação de bens móveis
Sociedade Socioambiental do Baixo São Francisco, de Brejo Grande (SE), pela restauração da canoa Luzitânia, a última remanescente da Canoa de Tolda, uma das categorias da arte naval do Nordeste brasileiro, e um dos mais importantes símbolos do patrimônio cultural do Baixo São Francisco. Em 1997, as atividades foram iniciadas e a canoa Luzitânia está totalmente recuperada e de volta às águas do Rio São Francisco, em Brejo Grande, graças ao trabalho e dedicação de artesãos como o Mestre Nivaldo, que desde 2002 é o derradeiro guardião dessa arte.
Preservação de bens imóveis
Prefeitura Municipal de Ouro Preto, em Minas Gerais, pelo Ouro Preto: um novo modelo de gestão de cidades históricas, programa de valorização do patrimônio cultural por meio de uma política pública eficaz onde a administração municipal assumiu o encargo de fiscalização e controle, e passou a decidir o planejamento e desenvolvimento urbano da cidade. O objetivo é harmonizar tradição e modernidade, garantindo a cidadania e a dignidade de seus moradores, com o conforto e as tecnologias dos tempos atuais, mas preservando a estrutura urbana herdada dos séculos XVIII e XIX. Essa prática está permitindo compatibilizar a preservação de monumentos de séculos passados com as peculiaridades urbanas e sociais do século atual.
Proteção do patrimônio natural e arqueológico
Instituto Cultural Cidade Viva, do Rio de Janeiro, pelo Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, espaço que nasceu do projeto de revitalização da área do município de São João Marcos, no Vale do Paraíba, uma das primeiras cidades tombadas do Brasil pelo então SPHAN (atual Iphan), em 1939, e destombada e demolida em 1940, para a construção da Usina das Lages. A cidade, que foi destruída mas não inundada, abriga elementos que ajudam a recontar a história do país. Inaugurado em agosto de 2010, o Parque oferece um programa educativo e visitas guiadas com vistas ao turismo ambiental, ecológico e cultural, contribuindo com as ações já existentes de revitalização do Vale do Paraíba.
Salvaguarda de bens de natureza imaterial
Movimento dos Aprendizes da Sabedoria, de Irati (PR), pelo Mapeamento Social das Benzedeiras dos Municípios de São João do Triunfo e Rebouças do Estado do Paraná, com objetivo de resgatar e preservar as práticas milenares e tradicionais de saúde popular. Entre outubro de 2008 e novembro de 2010, foi realizado um levantamento das simpatias, orações, defumação e benzimentos, como uma estratégia de resgate e fortalecimento das práticas tradicionais culturais. O mapeamento viabilizou 20 encontros comunitários de benzedeiras, três encontros municipais, seis oficinas de mapas e dez oficinas de legendas, levando ao reconhecimento oficial das benzedeiras e a realização de políticas públicas voltadas para esse tema, como a aprovação de Lei Municipal que reconhece os detentores de ofícios tradicionais de cura e permite o livre acesso às plantas medicinais.
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