Parnaíba (PI)

O conjunto histórico e paisagístico de Parnaíba - tombado pelo Iphan, em 2011 - contém cerca de 830 imóveis divididos em cinco setores: Porto das Barcas, Praça da Graça, Praça Santo Antônio, Estação Ferroviária e Avenida Getúlio Vargas. Essa fragmentação foi definida de acordo com as características arquitetônicas e urbanísticas de cada monumento. Embora a localização da igreja matriz, da casa de câmara e do pelourinho no entorno da praça projetassem o urbanismo português, sua natureza portuária com saída costeira do município lhe propiciou a adoção de modelos arquitetônicos do litoral.

Suas igrejas são as únicas setecentistas do Piauí em quadras residenciais, como a de Nossa Sra. do Rosário e a Matriz de Nossa Sra. Mãe da Divina Graça. No século XIX, Parnaíba transformou-se em um grande empório comercial. Como expressão de um novo tempo, sua fisionomia urbana acolheu a arquitetura ferroviária do início do século XX e a linguagem ornamental de inspiração inglesa de chalés, bangalôs e casas de porão. O porto deu acesso ao intercâmbio de produtos europeus e a cidade se tornou um centro de difusão de cultura por concentrar uma elite intelectual. Atualmente, Parnaíba desponta como polo turístico.

A presença de um delta em mar aberto atraiu, à região, navegadores e aventureiros como Nicolau Resende (1571), Gabriel Soares de Sousa (1587), Pero Coelho de Sousa (1602), Martin Soares de Sousa (1631) e Vital Maciel Parente (1614). Padres jesuítas e pesquisadores também exploraram a região e relataram a grandiosidade do rio e do seu delta, muito antes da chegada dos bandeirantes paulistas, desbravadores e colonizadores do Piauí. Essa região, povoada pelos índios Tremembés, foi alvo de uma intensa ação dos jesuítas, que por lá aportaram em 1607.

A cidade está localizada em uma região compreendida entre o rio Igaraçu e a Serra da Ibiapaba. O nome Parnaíba surgiu, segundo alguns relatos, do desejo dos primeiros exploradores do Piauí prestarem homenagem ao então distrito Paulista de Parnaíba (de onde partiram as bandeiras e cidade natal do bandeirante Domingos Jorge Velho) e, segundo outros, da palavra tupi que significa "grande rio não navegável".

Em 1669, século XVII, Leonardo de Sá e seus companheiros desbravaram a região entre o rio Igaraçu e a Serra da Ibiapaba e lutaram contra os Tremembés - guerreiros e nadadores que dominavam toda região do delta, parte do litoral do Maranhão e do Ceará, e permaneceram na região defendendo suas aldeias durante muitos anos. Dois núcleos deram origem à cidade de Parnaíba: Testa Branca e Porto das Barcas.

Testa Branca era uma grande fazenda de gado e que mais tarde, tornou-se um arraial com poucos habitantes e poucas possibilidades de desenvolvimento. Segundo alguns historiadores, o termo ‘testa branca’ foi designado pela existência de uma rês com a testa branca que vivia ali e que simbolizava as areias brancas presentes no povoado. A escolha da sede da nova vila recai sobre a povoação de Testa Branca (povoado com quatro residências, oito brancos livres e onze escravos).

Porto das Barcas – antes denominado Porto Salgado – situado à margem direita do rio Igaraçu, prosperou devido ao grande números de embarcações que o utilizavam. Tornou-se uma próspera feitoria onde o comércio teve notável impulso, administrado pelo português João Paulo Diniz, proprietário de oficinas de carnes secas, situadas a 80 léguas da foz do rio Parnaíba. Ele possuía várias fazendas e trazia em suas barcas, os gêneros alimentícios e charque para enriquecer o comércio de Parnaíba. Em 1711, com a ajuda do coronel Pedro Barbosa Leal e alguns moradores, Diniz construiu uma pequena capela para Nossa Senhora de Mont Serrat, imagem vinda de Portugal e venerada como padroeira da feitoria.

Em 1758, o português Domingos Dias da Silva, português procedente do Rio Grande do Sul, trouxe fabulosa fortuna em ouro e prata, instalou-se no povoado onde se tornou grande proprietário de terras e poderoso comerciante, exportando seus produtos para Lisboa e importando os que eram necessários à Província. A partir de 1761, iniciou-se o seu desenvolvimento. Funcionava por essa época, no local, uma charqueada de propriedade de Dias da Silva, fundador de Porto das Barcas. Em 1762, foi criada a Vila de São João da Parnaíba, no local chamado Testa Branca, que se transformou em entreposto de transações da carne e couramas.

A localização da sede municipal em Testa Branca não agradou à população do lugar, que apelou para o Governador e não foi atendida. Apesar das recomendações oficiais, o povo abandonou Testa Branca e passou a residir em Porto das Barcas. Em 1801, o distrito criado recebeu a denominação de Parnaíba e, em 1844, foi elevado à categoria de cidade. Nesse mesmo ano, iniciou-se a construção da Igreja Nossa da Graça (atual Catedral), uma das poucas construções do estilo barroco no Estado.

Simplício Dias da Silva homem muito rico e poderoso escravocrata (possuía cerca de 1.800 escravos) construiu a Alfândega, no início do século XIX (1817) para estabelecer o controle dos escravos que chegavam à vila e dos que estavam na região há tempos.  Em 14 de agosto de 1844, a Vila São João da Parnaíba é elevada à categoria de cidade pelo presidente da Província do Piauí, José Ildefonso de Sousa Ramos.

Catedral de Nossa Senhora Mãe da Divina Graça - Um dos monumentos mais importantes da cidade, erguida no século XVIII. Possui um acervo importante constituído pelos seus retábulos e é um marco na fundação e formação de Parnaíba.

Sobrado Simplício Dias - Imóvel do século XVIII, onde estão instalados o Museu Simplício Dias, o Arquivo Público Municipal e o Escritório Técnico do Iphan - PI. O sobrado é considerado pela população um dos símbolos do poder econômico e do comércio de charque no século XVIII. É um dos ícones do patrimônio edificado da cidade.

Obras do PAC Cidades Históricas

Restauração:
Complexo Ferroviário - equipamento cultural
Conjunto do Porto das Barcas - Museu do Mar
Casarão da Escola de Direito Miranda Osório
Antigo Sobrado Dona Auta
Sobrado do Museu Simplício Dias - Etapa final
Igrejas de Nossa Sra. da Graça e Nossa Sra. do Rosário
Capela de Nossa Sra. do Monte Serrate

Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE

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