Centro Histórico de Ouro Preto (MG)
Implantada nas encostas de um estreito e sinuoso vale delimitado por duas cadeias de montanhas na região das chamadas Minas Gerais, no interior do Brasil, a cidade histórica de Ouro Preto originou-se do processo de agregação de diversos arraiais de garimpo de ouro, ali estabelecidos no final do século XVII e início do XVIII. Declarada Monumento Nacional em 1933 e tombada pelo Iphan em 1938 por seu conjunto arquitetônico e urbanístico, foi declarada pela Unesco como patrimônio mundial em 5 de setembro de 1980, sendo o primeiro bem cultural brasileiro inscrito na Lista do Patrimônio Mundial.
A riqueza das jazidas da região explica a primeira denominação, Vila Rica, bem como sua designação, em 1720, para capital da Província das Minas Gerais, criada pela Coroa Portuguesa para administração daquele território. Principal cidade do denominado Ciclo do Ouro, Ouro Preto, além de ter sido o berço de artistas, responsáveis pelas mais significativas obras do barroco brasileiro, foi também o cenário do movimento pela independência do Brasil em relação a Portugal, chamado de Inconfidência Mineira, cujo mártir, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, tornou-se o patrono cívico do país.
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A necessidade de controlar a produção de um território rico em ouro, cuja exploração remontava ao final do século XVII levou à criação da “Capitania de São Paulo e Minas do Ouro“. Alguns dos primitivos arraiais foram transformados em vilas, sendo que a de Minas do Ouro foi oficialmente confirmada como ”Villa Rica“, por decreto real de 15 de dezembro de 1712. Devido à sua crescente importância, Minas Gerais foi declarada capitania independente, em 1720, e Vila Rica tornou-se sua capital, e como tal continuou a se desenvolver.
A partir de meados do século XVIII, em substituição às técnicas de pau-a-pique e adobe, as construções passaram a ser de pedra e cal, expressão da riqueza propiciada pela exploração do ouro e do trabalho escravo. Data dessa época o esplendor do admirado barroco mineiro, fruto, entre outros, da genialidade de seus principais artífices, o escultor e mestre-de-obras Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o pintor Manoel da Costa Athaíde.
O período ficou marcado também pela atual Praça Tiradentes, um grande espaço urbano no qual foram edificados dois dos maiores exemplares da arquitetura civil: de um lado, o Palácio dos Governadores, que abriga atualmente a Escola de Minas; do outro, a Casa de Câmara e Cadeia, hoje Museu da Inconfidência. Acrescenta-se ao conjunto a Casa dos Contos, que recebeu esse nome por abrigar a administração e contabilidade da capitania
A drástica redução da mineração aurífera, com a decorrente mudança das atividades econômicas para a criação de gado e o cultivo de café, determinou uma significativa regressão das atividades econômicas de Ouro Preto. Seu declínio, amenizado em 1876 pela criação da Escola de Minas, volta a se acentuar em 1897, com a transferência da capital para a recém-inaugurada cidade de Belo Horizonte. Em meados do século XX, com o florescimento da siderurgia e da extração de minério, essa situação começou a ser revertida. Atualmente, a mineração e o turismo constituem a base da economia do município.