Centro Histórico de Diamantina (MG)
A cidade de Diamantina, situada no nordeste do Estado de Minas Gerais, é um importante testemunho da ocupação do interior do País, demonstrando como no século XVIII os aventureiros à procura de riquezas e os representantes da Coroa Portuguesa adaptaram os modelos europeus a uma realidade americana, criando uma cultura original. O centro histórico foi tombado pelo Iphan em 1938. O reconhecimento como Patrimônio Mundial, pela Unesco, ocorreu em dezembro de 1999.
O centro histórico de Diamantina, tão perfeitamente integrado à paisagem severa e grandiosa, é um belo exemplo da mescla de aventureirismo e refinamento ocorrido nas Américas. A cidade apresenta com muita clareza características singulares e representativas de sua condição única de implantação de um núcleo colonial português, território dos diamantes, dentro do complexo geográfico da Serra do Espinhaço, sem que isto alterasse a disposição do colonizador em reproduzir seus hábitos culturais de origem.
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Os atributos elencados como fundamentais em seu reconhecimento estão bem preservados no seu traçado urbano e padrão arquitetônico, amoldado na encosta do lado oposto da Serra dos Cristais, formando uma expressiva composição de cultura e natura. A sua implantação sobre uma encosta rochosa cuja variação de altitude na cidade resulta em até 150 metros de diferença, combina-se com a reprodução do programa português para suas cidades originárias do ciclo da mineração durante o século XVIII.
Diamantina foi o maior centro de extração de diamantes do mundo no século XVIII, condição que se refletiu na evolução da cidade, desfavorecendo a formação de um espaço urbano arquitetônico na forma de uma praça representativa do poder político e religioso, como era então regra geral. Sua arquitetura civil tem referência especial pela extrema homogeneidade do seu casario. Possui uma estética sóbria, simples, porém refinada se comparada com outras cidades de sua época. Suas fachadas são bem geometrizadas e seu padrão foi sistematicamente reproduzido pela cidade, não havendo rupturas estilísticas importantes. Essas edificações apresentam evidentes testemunhos da reprodução do modelo cultural de origem portuguesa.
As igrejas estão implantadas de forma contínua ao casario, inclusive em suas cores e materiais, favorecendo a coesão do conjunto. Como característica de sua singularidade, os templos setecentistas não possuem a decoração em cantaria típica do barroco em sua concepção, mas frontões em madeira apresentando diversas cores e elementos talhados. O conjunto urbanístico e arquitetônico encontra-se bastante íntegro, sendo possível reconhecer, na atual malha urbana, o núcleo de povoamento do século XVIII. Além dos monumentos significativos para a história da arte e arquitetura dos séculos XVII, XVIII e XIX, a cidade guarda em três obras de Oscar Niemeyer - a marca do século XX.