Centro Histórico de Salvador (BA)
![Um cruzeiro fronteiro integra o conjunto da Igreja e Convento de São Francisco. Foto: Anderson Schneider Um cruzeiro fronteiro integra o conjunto da Igreja e Convento de São Francisco](/uploads/ckfinder/images/Diversas/BA_Salvador/03_Salvador_Andersom_Schneider_18_gerais_01.jpg)
![O Forte de São Marcelo foi construído afastado da costa, em 1650, com a função de impedir a invasão da cidade, cruzando fogo com outros fortes da região. Foto: Luiz Phillippe Torelly O Forte de São Marcelo foi construído afastado da costa, em 1650, com a função de impedir a invasão da cidade, cruzando fogo com outros fortes da região](/uploads/ckfinder/images/Diversas/BA_Salvador/08_Forte_Sao_Marcelo__Salvador__BA__Luiz_Phillippe_Torelly.jpg)
O conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico, contido na poligonal do centro histórico de Salvador, é um dos mais importantes exemplares do urbanismo ultramarino português, implantado em acrópole, se distinguindo em dois planos: as funções administrativas e residenciais no alto e o porto e o comércio à beira-mar. Aliada a uma topografia singular, a paisagem dessa área é formada basicamente por edifícios dos séculos XVI ao XIX, na qual se destacam os conjuntos monumentais da arquitetura religiosa, civil e militar.
Pela riqueza de suas construções, foi inscrita no Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em 1984. Em 5 de dezembro do ano seguinte, sua inscrição na Lista do Patrimônio Mundial foi ratificada pela Unesco. A cidade de Salvador, fundada em 1549, foi a primeira capital do Brasil (1549 a 1763). Edificada sobre uma colina, dominando uma imensa baía em ponto estratégico da costa brasileira, teve como objetivo centralizar as ações de Portugal, na América, e facilitar as transações comerciais com a África e o Oriente.
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O centro histórico de Salvador apresenta grupos de construções e espaços que permitem a leitura do modelo das cidades fundadas pelos portugueses no além–mar. Os limites da primeira cidade (morfologicamente planejada e ortogonal), a sua expansão (de características menos rigorosas, formada por ruas constituídas por um casario uniforme, entremeado por conjuntos de arquitetura monumental) e, principalmente, a distinção entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa garantem a identificação de uma paisagem herdada do período colonial.
Com a riqueza gerada pela lavoura açucareira, em meados do século XVII, iniciou-se a chamada fase monumental da arquitetura baiana, apoiada na transição do estilo Renascentista para o Barroco. Datam dessa época, a construção dos principais edifícios, entre os quais estão a Igreja dos Jesuítas (atual Catedral de Salvador), Igreja e Convento de São Francisco, Igreja do Carmo, Igreja e Convento de Santa Teresa (atualmente, o mais importante museu de arte sacra do Brasil), Igreja e Mosteiro de São Bento, Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, e o Palácio do Governador.
Os espaços públicos da cidade – Praça Municipal, Terreiro de Jesus, Caminho de São Francisco, Largo do Pelourinho, Largo de Santo Antônio e Largo do Boqueirão – decorrentes dos traçados de suas ruas, ladeiras e becos, formam um dos mais ricos conjuntos urbanos de origem portuguesa. Os sobrados de dois ou mais andares e as soluções de implantação em terrenos acidentados são exemplos típicos da cultura lusitana. Entre 1938 e 1945, vários monumentos do centro histórico foram tombados como patrimônio nacional, para garantir a preservação do Largo do Pelourinho e do seu entorno imediato. Esse instrumento não impediu, no entanto, a progressiva degradação da área, sobretudo a partir de 1960, quando o centro perdeu importância para as novas áreas de expansão urbana.