Patrimônio Arqueológico - RJ
O Rio de Janeiro possui um considerável patrimônio arqueológico identificado em praticamente todos os municípios e 645 sítios cadastrados, até 2014. Dentre eles, destaca-se o Sambaqui de Camboinhas, em Niterói, com mais de sete mil anos. As prospecções arqueológicas são realizadas sob a supervisão da Superintendência do Iphan, em vários empreendimentos e em projetos de restauração. Nos últimos anos, com a expansão das obras de infraestrutura, houve um aumento significativo das pesquisas arqueológicas realizadas no âmbito do licenciamento ambiental, o que tem possibilitado a coleta de dados sobre áreas antes quase desconhecidas arqueologicamente.
Entre as escavações relativas à arqueologia histórica, destacam-se as do Passeio Público, Jardim Botânico, Igreja de Nossa Senhora da Saúde, e nos Arcos da Lapa, além das ruínas do núcleo urbano de São João Marcos (Rio Claro) onde o conjunto foi tombado pelo Iphan, em 1938. A pesquisa arqueológica carioca relacionada à investigação do período histórico, considerando-se as características únicas do registro arqueológico, têm fornecido significativas contribuições para a produção de conhecimento sobre este período da história nacional. A Coleção Arqueológica Balbino de Freitas e o Sítio Arqueológico do Cais do Valongo são dois exemplos da riqueza do Patrimônio Arqueológico Brasileiro que pode ser visitado em espaços da cidade do Rio de Janeiro.
Coleção Arqueológica Balbino de Freitas - Integra do acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, tombado em 1938. O tombamento inclui esta Coleção. Um dos primeiros museus arqueológicos do Brasil foi a casa de Balbino Luiz de Freitas que, por iniciativa própria, coletava e colecionava artefatos indígenas nos arredores de Torres, no Estado do Rio Grande do Sul. Ele reuniu peças fundamentais para pesquisas que contam a história dos habitantes do município na época da sua formação. Um dos destaques da Coleção é um cesto (artefato sambaqui) que foi revestido internamente com resina, conservada apenas em parte e foi coletada em um sambaqui do litoral meridional brasileiro. O Museu Nacional é considerado o maior museu de história natural da América Latina, e possui um acervo de mais de quatro milhões de peças.
Sítio Arqueológico do Cais do Valongo - Este local foi o principal cais de desembarque de africanos escravizados em todas as Américas. É o único que se preservou materialmente e, pela sua magnitude, coloca-se como o mais destacado vestígio do tráfico negreiro no continente americano. O Iphan - Rio de Janeiro e a Prefeitura Municipal do Rio atuaram em parceira durante o processo de inscrição do Cais do Valongo na Lista Indicativa de Patrimônio Mundial da Unesco, o que ocorreu em maio de 2016. Desativado como porto de desembarque de escravos em 1831, anos depois foi aterrado para receber a princesa das Duas Sicílias e princesa de Bourbon-Anjou, Teresa Cristina, esposa do Imperador Dom Pedro II, recebendo o nome de Cais da Imperatriz. Em 1911, com as reformas urbanísticas da cidade, o Cais da Imperatriz foi aterrado.
Um século depois, em 2011, durante as escavações realizadas para as obras do Porto Maravilha, foram encontrados milhares de objetos (botões feitos com ossos, colares, amuletos, anéis e pulseiras em piaçava de extrema delicadeza, jogos de búzios e outras peças usadas em rituais religiosos). Em 2012, o espaço foi transformado em monumento preservado e aberto à visitação pública e passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que estabelece marcos da cultura afro-brasileira na Região Portuária, ao lado do Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Pedra do Sal, Centro Cultural José Bonifácio e Cemitério dos Pretos Novos.