Cavalhadas e Pastorinhas

As primerias apresentações das Cavalhadas durante os festejos do Divino, em Pirenópolis (GO), surgiram na década de 1960, coincidindo com o processo de patrimonialização da festa, impulsionado principalmente pela intervenção de órgãos estaduais de turismo empenhados em construir uma identidade cultural regional. Por outro lado, esse processo facilitou a transformação da memória cultural local em “consciência da tradição”, mobilizando, também, a população no esforço do resgate de suas tradições. As Cavalhadas são para muitos, o maior espetáculo da festa e reúnem o maior público de todos os eventos que a compõem. Para a comunidade local e para os cavaleiros representam também um ato de devoção e renovação da fé no Divino Espírito Santo.

No Campo das Cavalhadas, os cavaleiros encenam as lutas de Carlos Magno e os Doze Pares de França para libertar a Península Ibérica do domínio sarraceno. As vestimentas usadas durante as encenações são minuciosamente preparadas por armeiros, costureiras, bordadeiras e floristas. Sobre a calça e a camisa, são colocados vários adereços, como cintos e peças de armadura, além da murça, capa ricamente bordada com símbolos cristãos (cálices, ostensórios, cruzes, Divinos, coroas) ou mouros (brasões, águias, cartas de baralho, lua e dragão). Dependendo da patente, o cavaleiro usa elmo (capacete) ou chapéu. As cores predominantes são o vermelho e o dourado para os mouros e o azul e prateado para os cristãos. 

Nos dias de encenação, mães, filhas e esposas ajudam a “aprontar” seus cavaleiros. A Cavalhadinha, por sua vez, ocorre em lugares próprios, na Vila Matutina, com apresentação de todos os pequenos personagens da festa.A queima de fogos também acontece à beira do Rio das Almas, em um lugar conhecido como “Lages”. Embora a centralidade do território da festa seja urbana, pois a cidade é a sede do Império, seus domínios se estendem através de uma extensa rede de relações que unem o rural e o urbano, visível principalmente nas folias. Mais do que isso, a festa não só explica, ela faz a cidade. E, mais do que a cidade, a festa cria seus próprios domínios, um território sagrado. 

Pastorinhas - O espetáculo “As Pastorinhas”, um auto de Natal muito popular no Nordeste, foi “levado” pela primeira vez durante a Festa do Divino de 1923 e, desde então, incorporado à programação oficial. A peça divide-se em três atos e compõe-se de 46 canções e doze árias. Participam do elenco as filhas das famílias locais, no papel das 24 pastoras que integram o cordão vermelho e o cordão azul, além das demais personagens femininas: Fé, Esperança, Caridade, Cigana, Anjo, Diana e Religião. Aos homens cabem os papéis de Simão, o velho Benjamin (o menino) e Luzbel (o capeta). Uma pequena orquestra acompanha o espetáculo. 

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