Teatros da Amazônia (AM/PA)

Construídos em finais do século XIX, os teatros Amazonas e da Paz, localizados na região amazônica brasileira, respectivamente nas cidades de Manaus e Belém, são expressivos monumentos implantados nos dois maiores centros urbanos da região, como símbolos do apogeu econômico alcançado e representado por um modelo de civilidade europeizada, então reproduzido nos trópicos em função do auge do Ciclo da Borracha na América do Sul.

Essa modernidade, promovida pela exportação da borracha – período em que as cidades de Belém e Manaus monopolizaram o fornecimento de látex para a fabricação de diversos produtos no contexto da Revolução Industrial em curso na Europa -, foi possibilitada pela riqueza gerada pelo comércio intercontinental decorrente, patrocinando a vinda de arquitetos, engenheiros e artistas europeus, que promoveram transformações profundas na paisagem urbana dessas cidades.

A edificação desses dois monumentais teatros de ópera, em plena floresta amazônica brasileira, simboliza o processo de implantação nos trópicos dos ideais de progresso e civilização no século XIX, quando os navios que cruzavam o Oceano Atlântico, abarrotados de látex, voltavam trazendo pessoas, produtos e ideias da Belle Époque europeia.

Associados à linguagem eclética, elementos regionais étnicos, da fauna e da flora, de modo estilizado e alegórico, foram incorporados à decoração interior desses monumentos, compondo a temática decorativa dos teatros construídos no ambiente amazônico, denotando a busca por uma identidade burguesa local.

Maiores e mais luxuosos que todos os teatros brasileiros até então construídos, os Teatros Amazonas e da Paz tornaram-se marcos urbanos representativos de uma época de intenso cosmopolitismo comercial e cultural, que perduram até os dias de hoje nos centros urbanos de Manaus e Belém, respectivamente, simbolizando períodos de apogeu econômico. Nos interiores desses monumentos ecléticos ainda são promovidos festivais de ópera abertos ao público, além de outros eventos culturais, mantendo esses lugares como tradicionais espaços de vivência cultural.

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