Gestores debatem o Patrimônio Mundial na América do Sul
Com a presença de gestores dos sítios declarados Patrimônio Mundial pela UNESCO em 10 países da América do Sul, o Auditório Gilberto Freire, no mezanino do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, foi o cenário da abertura oficial do II Ciclo do Informe Periódico para América do Sul, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio do Centro Lúcio Costa de Formação Para Gestão do Patrimônio, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade - ICMBio e o Centro do Patrimônio Mundial da UNESCO. O evento, que segue até o dia 10 de dezembro, tem como objetivo avaliar o estado de conservação dos bens da Lista do Patrimônio Mundial que estão localizados nos países da América do Sul.
O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, destacou a importância da recepção dos gestores sul-americanos ocorrer no Palácio Gustavo Capanema, associando a importância histórica e cultural do edifício com o momento em que se repensa as políticas do patrimônio no Brasil e em toda a América do Sul. Segundo ele, além de ser um marco na arquitetura moderna brasileira, o Palácio Gustavo Capanema representa a afirmação de independência em relação à cultura europeia do início do século XX. Da mesma forma, a instalação do Centro Lucio Costa no Palácio Gustavo Capanema revela hoje uma questão que permeia a discussão sobre a relação da Convenção do Patrimônio Mundial, de 1972, com os países da América do Sul. Segundo o presidente do Iphan “depois de quase 10 anos de ausência do Brasil na reflexão sobre a Convenção, retomamos o debate sobre a lista do Patrimônio Mundial, que parte da excepcionalidade do bem, enquanto a política de patrimônio no Brasil busca a essencialidade dos bens culturais”.
Luiz Fernando de Almeida destaca ainda que, em 2008, quando surgiu a possibilidade de implantar o Centro Lucio Costa de Formação para a Gestão do Patrimônio no Rio de Janeiro, foi um momento oportuno para a retomada do trabalho de reflexão e intercâmbio entre os países da América Latina, no sentido de construir um processo de atualização conceitual das políticas de gestão, buscando a integração cultural no campo do patrimônio e do meio ambiente, visto que, em muitas situações, não há fronteiras políticas entre o meio ambiente e o patrimônio cultural.
O presidente do Iphan ressalta que, com esse conceito, a concorrência entre os países deixa de existir e passa haver a troca de experiências como instrumento de preservação e gestão. Isso é um grande avanço nas políticas públicas porque trata de maneira singular e conjunta o patrimônio cultural e natural. “Esse evento pode reforçar essa posição, e é absolutamente o que ocorre no Palácio Gustavo Capanema, que tem esse aspecto simbólico da construção de autonomia no processo cultural no Brasil”, conclui o presidente do Iphan.
O presidente do ICMBio, Rômulo Barreto Melo, também destacou a parceria com o Iphan para a gestão e preservação dos sítios mistos no país. Assim como o Centro Lucio Costa, o Instituto Chico Mendes tem investido na capacitação de seus gestores para evoluir ainda mais na valorização e conservação dos sítios declarados Patrimônio Mundial no Brasil.
Já a Chefe da Unidade para América Latina e Caribe do Comitê do Patrimônio Cultural da UNESCO, Nuria Sanz, afirmou que o II Ciclo do Informe Periódico para a América do Sul é um momento oportuno para criar um planejamento de gestão e debater a renovação da Lista de Patrimônio Mundial com a participação dos países sulamericanos. Ela também lembrou que a criação do Centro Lucio Costa começou a ser pensada exatamente no auditório Gilberto Freire, no Palácio Gustavo Capanema, o que representou um grande avanço no processo de reflexão sobre o Patrimônio Mundial, abrindo discussões sobre novos temas como a paisagem cultural urbana, por exemplo.
O II Ciclo do Informe Periódico para América do Sul conta com a presença de especialistas, representantes e gestores de todos os sítios do Patrimônio Mundial em dez países da América do Sul. Será um espaço para debates sobre o inventário retrospectivo dos sítios mundiais, questionários e exercícios práticos. O último dia do II Ciclo, 10 de dezembro, terá como temas os itinerários culturais; o patrimônio mundial e desenvolvimento em sítios arqueológicos; o patrimônio mundial e desenvolvimento em centros históricos; os conjuntos monumentais; o programa marinho de patrimônio mundial; e a cooperação sub-regional, bem como a aprovação da Carta de Recomendações.
Patrimônio Mundial no Brasil
O Brasil conta hoje com 18 bens culturais e naturais inscritos na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO, sendo que o último, a Praça de São Francisco em São Cristovão, Sergipe, foi reconhecido durante a 34ª Sessão do Patrimônio Mundial realizada em Brasília, em julho deste ano.
Contato do evento: informeperiodico2010@gmail.com
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