Maranhenses recebem Casa do Tambor de Crioula

Para as mulheres, saia de chitão florido, bem rodada, para acentuar o movimento, anágua por baixo da saias, blusa branca de renda, com babado na gola, torso na cabeça, colares.

 


 

 

 

Meu São Benedito
Vosso manto cheira,
Cheira cravo e rosa
Flor de laranjeira.

(Trecho do Bendito de São Benedito)

 


 

 

 

 

O Maranhão está em festa! Tambores, cantadores, dançadeiras, coreiros e coreiras, e um baticum inconfundível que caracterizam o Tambor de Crioula do Maranhão, referencial de identidade e resistência cultural dos negros maranhenses, receberam, no  dia 13 de julho, na capital do estado, São Luís, um Centro de Referência, a Casa do Tambor de Crioula. Como parte do plano de salvaguarda dessa expressão cultural, a Casa foi pensada, sobretudo, para ser um local de encontro e transmissão de saberes associados ao Tambor de Crioula. No mesmo dia, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) promoveu, também, a abertura de uma exposição e o lançamento de publicação sobre o bem cultural.

Localizada em um espaço privilegiado de São Luís, no Centro Histórico, onde acontecem importantes eventos culturais da cidade e há grande fluxo de turistas, a Casa fica na esquina das Ruas Estrela e João Vital de Mato., O espaço conta também com área de convivência, salas para realização de oficinas de dança e percussão, auditório e salão de exposição, além de uma lojinha para venda de produtos associados ao bem cultural. Terá, ainda, uma biblioteca que abrigará um acervo para subsidiar pesquisas.

O imóvel, um sobrado tradicional de dois pavimentos mais sótão, representativo da arquitetura luso-brasileira no Maranhão, recebeu um investimento de aproximadamente R$1,8 milhão do Governo Federal, por meio do Iphan. Na década de 1970, foi destruído por um grande incêndio, permanecendo por longo tempo em estado de arruinamento. O sobrado é de propriedade do Governo do Estado do Maranhão, que será responsável pela gestão do Centro de Referência, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo do Estado (SECTUR).

Com a criação da Casa do Tambor, será atendida uma das principais demandas dos detentores, que é ter um equipamento cultural com suas referências, com o objetivo de promover a difusão e reprodução desse bem cultural. O Tambor de Crioula, reconhecido em 2007 pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil, é uma forma de expressão de matriz afro-brasileira. Seja ao ar livre, nas praças, no interior de terreiros, ou associado a outros eventos e manifestações, é realizado sem local específico ou calendário pré-fixado e praticado especialmente em louvor a São Benedito. Ocorre na maioria dos municípios do Maranhão, envolvendo uma dança circular feminina, canto e percussão de tambores. Participam as coreiras ou dançadeiras, conduzidas pelo ritmo intenso dos tambores e pelo influxo das toadas evocadas por tocadores e cantadores, culminando na punga ou umbigada – gesto característico, entendido como saudação e convite.

Trata-se de um referencial de identidade e resistência cultural dos negros maranhenses, que compartilham um passado comum.

 

 

 

 

Ao tambor, quando saio da pinha
Das cativas, e danço gentil,
Sou senhora, sou alta rainha,
Não cativa, de escravos a mil!

Trajano Galvão de Carvalho(1875)

 

 

 

 

Celebrando a cultura maranhense

O dia 13 de julho também foi marcado com a abertura da exposição permanente sobre o Tambor de Crioula, uma realização do Iphan em parceria com a Vale. Composta por painéis informativos e uma série de artefatos próprios do universo dessa manifestação cultural, como imagens de São Benedito, tambores, garrafas de cachaça e trajes típicos, destaca a história e as diversas nuances deste bem, que representa um conjunto de tradições culturais de matriz africana que se desenvolveram no país.

Em meio a essa grande festa, também foi lançado o Dossiê do Tambor de Crioula do Maranhão, a 15ª publicação da série de bens culturais registrados como Patrimônio Imaterial do Brasil. Trata-se de uma versão sintetizada do dossiê de registro, com informações adicionais e editada segundo os padrões da linha editorial do  Iphan.

Na mesma data, o Instituto também entregou em São Luís o Museu de Artes Visuais, que foi completamente restaurado.

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