Brasil sedia congresso internacional que discute proteção a línguas indígenas
Ainda que o Português seja o idioma oficial, estima-se que sejam faladas no Brasil mais de 250 línguas, entre indígenas, de comunidades de imigração, de sinais, crioulas e afro-brasileiras, as chamadas línguas minorizadas. Essa pluralidade faz do país o maior em diversidade linguística na América Latina. Para discutir e debater a situação atual das línguas não oficiais, acontece em Brasília, de 01 a 06 de outubro, o II Congresso Internacional sobre Revitalização de Línguas Indígenas e Minorizadas.
O evento gratuito e aberto ao público é realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pela Universidade de Brasília (UnB), integrando a programação oficial do Ano Internacional das Línguas Indígenas, iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para evidenciar a preocupação de preservar, em todo o mundo, a língua materna dos povos originários. Virginia Casado, oficial do setor de projetos de cultura do Brasil, ressaltou a satisfação da parceria realizada para promover o evento que discute a diversidade linguística no âmbito também, do patrimônio imaterial. O Congresso contará com a participação de cerca de 200 participantes, sendo aproximadamente 80 de países como Chile, Bolívia, Peru, Canadá, Nova Zelândia, Estados Unidos e Espanha.
Inédito no Brasil, o evento dá continuidade às discussões ocorridas em 2017, na Espanha, e contempla iniciativas e práticas de revitalização de línguas indígenas de diferentes partes do mundo, porém, com especial foco nas línguas faladas no Brasil. Como atividade complementar ao Congresso, acontecerá nos dias 05 e 06 de outubro, o I Encontro Internacional sobre Diversidade Linguística Indígena que, em sua programação visa promover a troca de experiências entre pesquisadores indígenas brasileiros e de países como México, Peru, Equador e Chile.
Participando do encontro estará André Djeoromitxi (Jaboti), pesquisador que investigou em sua própria comunidade – Baia das Onças, em Rondônia – a contribuição da formação dos professores indígenas para a instauração de políticas de fortalecimento da língua e cultura Djeoromitxi. “Considero uma oportunidade muito enriquecedora para compartilhar ideias e experiências e poder contribuir mutuamente”, afirma André Jaboti. O Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI/Iphan) ressalta que a ideia é incentivar, através do contato interpessoal dos pesquisadores, a criação de redes de colaboração para pesquisa, promoção e preservação das línguas indígenas em um espectro continental. Também contribuindo para os debates, a embaixada da Nova Zelândia trouxe do país representantes para compartilhar como foi o processo para revitalizar a língua local, o Maori, transformando-a em uma das línguas oficiais do país em 1987. Presente na cerimônia de abertura, o embaixador Chris Langley destacou o quão esse idoma é valorizado na Nova Zelândia, lendo ainda um provérbio na língua nativa e traduzindo-o ao público. "Meu idioma é meu despertar. Meu idioma é uma janela para minha alma".
A coordenadora do projeto, por parte do Laboratório de Línguas e Literaturas Indígenas e Instituto de Letras (LALLI/IL/UNB), Ana Suelly Arruda Câmara Cabral, destaca que a principal missão do evento é proporcionar um ambiente de troca de ideias e de experiências que transcenderão os muros da academia e encontrarão espaço na comunidade global. “Os participantes terão a oportunidade de compartilhar seus múltiplos modos de ser, ver, conhecer e aprender”, afirma. Engajadas na iniciativa estão diferentes instituições internacionais e nacionais de ensino e pesquisa que, por meio de seus programas interculturais, têm ajudado a capacitar e formar professores e pesquisadores indígenas.
Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL)
Instituído pelo Decreto 7387/2010, o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL) é voltado para o reconhecimento da diversidade linguística como Patrimônio Cultural, por meio da identificação, documentação e ações de valorização. A produção de conhecimento sobre as línguas, incluindo-se a documentação e os diagnósticos sobre vitalidade, é elemento estruturante dessa política, pois parte considerável da diversidade linguística brasileira ainda é pouco conhecida.
Ano Internacional das Línguas indígenas IYIL2019
A preocupação para que a diversidade linguística seja preservada em todo o mundo fez com que a Organização das Nações Unidas (ONU) elegesse 2019 como o Ano Internacional das Línguas Indígenas. Para contribuir com a conscientização, a UNESCO lançou um site exclusivo para o IYIL2019, no qual estão disponíveis informações sobre os planos para celebrar o Ano Internacional, bem como as ações e as medidas a serem tomadas pelas agências das Nações Unidas, pelos governos, organizações dos povos indígenas, sociedade civil, academia, setores público e privado, entre outras entidades interessadas.
Serviço:
II Congresso Internacional sobre Línguas Indígenas e Minorizadas – II Cirlin
Data: 01 a 06 de outubro
Local: Anfiteatro 09 da Universidade de Brasília (UnB) – Brasília-DF
I Encontro sobre Diversidade Linguística Indígena: trocas de experiências e estratégias de salvaguarda
Data: 04 a 06 de outubro
Local: Maloca, Universidade de Brasília (UnB) – Brasília-DF
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