Vencedor de ação cultural, escritor alagoano narra tradições da oralidade em versos de cordel

Cícero Manuel, vencedor da ação cultural Alagoas em Versos de Cordel

A Literatura de Cordel foi destaque nas redes sociais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2019. Promovida pelo Iphan em Alagoas (Iphan-AL), a ação Alagoas em versos de cordel recebeu 15 textos que celebraram o Patrimônio Cultural do estado. Entre versos sobre diferentes personagens e monumentos, o cordel Serra da Barriga – A capital do Quilombo dos Palmares, que versa sobre a geografia e a história do bem cultural, foi eleito pelo público como o preferido. Escrita por Cícero Manoel de Lima Alves, o Cícero Cordelista, a postagem registrou 531 reações, 89 comentários e 70 compartilhamentos. 

“Uma particularidade entre mim e a Serra é que no topo das montanhas do sítio onde cresci a visualizamos toda faceira na direção leste. A história do Quilombo dos Palmares é algo que ouço desde a infância, quando vovó Zefa contava que ouvia dizer quando era criança que os habitantes da Serra teriam pulado do penhasco”, recorda Cícero, que é professor e escritor dedicado à Literatura de Cordel. 

Fundador da Academia Alagoana de Literatura de Cordel (AALC), o autor carrega em sua bagagem mais de 30 títulos de folhetos, além de três livros. Entre eles, Rimas do Mundaú, uma antologia popular, dividida em cordel, repente e toada.

O artista cresceu na zona rural de Santana do Mundaú (AL), no sítio Ilha Grande. Em meio aos trabalhos da roça e à luz do candeeiro, Cícero Cordelista já cultivava o hábito pela leitura, vivenciada por meio da oralidade. “Minha mãe cantava benditos de romaria e meu pai entoava alguns versos decorados”, conta.

Mas o sonho mesmo de criança era se tornar cantor de música sertaneja. “Decidi que queria ser cantor e tive a ideia de compor algumas letras. Dessas composições nasceram o que hoje eu chamaria de poemas inocentes (os guardo até hoje). Os poemas tinham rima e métrica, fruto da poesia popular que eu ouvia desde novinho da boca de meus pais e dos fones do rádio de pilha. Os poemas cresceram e comecei a escrever contos em versos, inspirado nos meus livros infantis e nas histórias declamadas ou cantadas que eu ouvia no rádio. Para mim, tudo era letra de música”, diz.

Na adolescência, começou a rimar alguns versos que abordavam “causos” do dia-a-dia e situações vivenciadas pelo autor no cenário rural. O fato de se tornar cordelista não foi algo premeditado, pois o escritor já fazia cordel mesmo sem conhecer o gênero literário.

“Apresentei meus escritos à professora de Língua Portuguesa e ela me disse: “Isso que você escreve é cordel”. No outro dia um colega de sala levou meus versos para digitar e voltou com uma história minha nas páginas de um folheto. Ao conhecer a história da literatura de cordel, nasceu em mim uma imensa paixão pelo cordel, o que me fez crescer não só como cordelista, mas também como conhecedor do gênero.”, revela.

Literatura de Cordel
A Literatura de Cordel foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão em setembro de 2018 e pode ser observada em várias regiões do país. A prática está relacionada não apenas ao gênero literário, mas também a um veículo de comunicação, ofício e meio de sobrevivência para inúmeros cordelistas. 

Inserido na cultura nacional em fins do século XIX, o cordel é elemento constituinte da diversidade cultural brasileira, com contribuições das culturas africana, indígena, europeia e árabe. Conjugando tradições da oralidade, da poesia e das narrativas em prosa, o bem cultural se constituiu como uma relevante forma de expressão da nossa sociedade.

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